China X EUA: os 3 pontos da guerra comercial que opõem os países

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As negociações comerciais entre os EUA e a China dão sinais de avanços. O presidente americano, Donald Trump, pediu ao governo chinês que suspendesse todas as tarifas sobre os produtos agrícolas dos EUA. Trump disse ter adiado a imposição de tarifas maiores, marcada para 1º de março, sobre os produtos chineses, devido ao avanço nas tratativas – a taxa de importação passaria de 10% para 25%.

O presidente americano sofreu um forte revés em sua estratégia com a explosão do déficit comercial (diferença entre importação e exportação), que subiu 12,5% de 2017 para 2018 no comércio bilateral com a China e atingiu o ponto mais alto desde a crise econômica de 2008 (US$ 891,3 bilhões, ou R$ 3,4 bilhões).

Mas um acordo entre os dois países ainda parece distante. Os pontos mais difíceis de aproximação entre Washington e Pequim passam por três questões complexas: propriedade intelectual, transferência de tecnologia e acesso a mercados, juntamente com as aspirações industriais de alta tecnologia de Pequim.

Sem alterar fundamentalmente a estrutura da economia chinesa, os dois países não vão superar suas diferenças em relação a essas questões.

Aqui estão os porquês:

1. Propriedade intelectual

Os EUA acusam chineses de roubar propriedade intelectual de empresas americanas, forçando-as a transferir tecnologia para o país. Companhias dos EUA dizem que o Judiciário chinês é tendencioso e quase sempre decide em favor de empresas locais em tais disputas. Pequim afirma que essas alegações são falsas.

"Não há lei na China que diga que você deve entregar sua propriedade intelectual a empresas chinesas", diz Wang Huiyao, presidente do Centro para China e Globalização, centro de estudos que assessora o governo chinês. "Mas o governo está ciente do sentimento americano e pretende punir esses tipos de violações - se de fato acontecerem", afirma.

Para dirimir as ressalvas americanas, Pequim montou um tribunal de propriedade intelectual e está elaborando uma lei que tornaria mais difícil para autoridades chinesas pedirem a empresas estrangeiras que transferiram sua tecnologia.

Legisladores dos EUA reiteram, no entanto, que o Judiciário chinês está sob o Partido Comunista, e as decisões legais seguem o caminho que o Partido quer que sigam, em particular quando uma empresa estatal está envolvida.

2. Acesso ao mercado chinês

O sucesso econômico da China foi construído com base em um planejamento centralizado e voltado para empresas estatais - o oposto de como funcionam as americanas.

Os EUA dizem que a China subsidia de forma injusta suas estatais, com empréstimos baratos que as ajudam a competir no exterior em diversos setores, como o aeroespacial, a fabricação de chips e os carros elétricos, em concorrência direta com empresas americanas.

Mesmo as companhias privadas chinesas estão em vantagem, dizem os Estados Unidos, porque as estrangeiras que tentam competir com elas na China não têm conexões ou a escala das concorrentes locais em um mercado essencialmente fechado. Para operar no país, é preciso ter um parceiro local.

A China prometeu abrir mais setores de sua economia à concorrência estrangeira, mas a eficácia demanda que suas próprias empresas operem de forma independente.

3. 'Made in China' 2025

Esse plano incomoda os EUA, que veem um desafio direto à supremacia americana em setores-chave, a exemplo do aeroespacial, dos semicondutores e do 5G.

A China enxugou recentemente o programa, mas não sinalizou a intenção de suspendê-lo. As ambições de Pequim atingem o coração do problema existencial entre os dois lados.

"O que os EUA querem é mudar fundamentalmente a estrutura da economia chinesa", diz Christopher Balding, ex-professor da Universidade de Pequim. "Quer que a China se torne um país 'normal' impulsionado pelo mercado, como o resto de nós. A China não quer isso."

Ambos os países estão sofrendo com a guerra comercial e as previsões de crescimento global também estão sendo atingidas.

Fonte: BBC

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