Índia oferece concessões a EUA para acordo comercial
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- 18/02/20
A Índia está disposta a oferecer maior acesso para produtos agrícolas e lácteos norte-americanos e reduzir tarifas para as motocicletas Harley-Davidson, na tentativa de fechar um acordo comercial com os EUA a tempo da visita do presidente Donald Trump, programada para a próxima semana, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto. O governo indiano pretende permitir acesso ao mercado de cranberry, ou oxicoco, mirtilo, noz-pecã e abacate produzidos nos EUA por meio de tarifas mais baixas.
Também está nos planos algumas importações de grãos destilados secos com solúveis, um derivado da produção de etanol usado em ração e alfafa, uma planta para forragem, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.
Mesmo com as conversas em andamento entre os dois países para ter algum tipo de acordo sobre a mesa antes da visita de Trump nos dias 24 e 25 de fevereiro, ainda não se sabe quando um acordo final ficará pronto, disseram as pessoas, acrescentando que as discussões agora envolvem detalhes que têm como objetivo resolver questões pendentes há muito tempo de ambos os lados.
As negociações comerciais entre Washington e Nova Déli estão paralisadas desde antes da visita do primeiro-ministro Narendra Modi aos EUA em setembro.
Um acordo comercial, mesmo que pequeno, com a Índia incluindo maior acesso ao mercado para os EUA pode ajudar Trump a consolidar ainda mais sua posição em um ano eleitoral.
Ele acaba de assinar o acordo de 'fase um' com a China, bem como o chamado USMCA, entre EUA, México e Canadá.
Harley Davidson
A Índia também cedeu terreno sobre uma questão que Trump tem defendido e teria concordado em reduzir as tarifas de importação para motocicletas Harley-Davidson, criando uma classificação tarifária separada para esses produtos.
Nova Déli também indicou que está disposta a ceder em questões domésticas sensíveis, como limites de preço para aparelhos médicos e acesso ao mercado para produtos lácteos dos EUA.
Washington ainda avalia várias questões que são de interesse para a Índia, como isenções das altas tarifas para aço e alumínio, disseram as pessoas.
Até o momento, os Estados Unidos sinalizaram a flexibilização de regras para facilitar o acesso às uvas, mangas e romãs da Índia, além de reduzir as tarifas de importação para esses itens.
O restabelecimento de uma exceção que havia permitido à Índia isenção de impostos de cerca de 2 mil produtos até o ano passado também está em jogo. Esse ponto encabeça a agenda da Índia por causa de sua competitividade com rivais de baixo custo.
O porta-voz do Ministério do Comércio, Yogesh Baweja, não quis comentar o assunto. O porta-voz do Escritório do Representante de Comércio dos EUA não estava disponível para comentar devido a um feriado.
O comércio bilateral EUA-Índia somou US$ 88 bilhões no ano encerrado em março de 2019, com um superávit de US$ 17 bilhões para o governo indiano. Esse excedente tem diminuído desde 2017, depois que a Índia começou a comprar mais petróleo, gás natural, carvão, drones e aeronaves dos Estados Unidos.
Fonte: Bloomberg