Arábia Saudita e Emirados Árabes aumentam pressão e preços do petróleo voltam a cair

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A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, dois importantes aliados na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), aumentaram a pressão na guerra que travam com a Rússia nos preços do petróleo, anunciando que poderiam inundar os mercados mundiais. A Arábia Saudita, líder da Opep, pressiona para que a Rússia - segundo maior produtor mundial, mas que não é membro da organização - aceite uma redução na produção mundial de petróleo bruto para compensar uma queda na demanda causada pela epidemia de coronavírus.

Desde a recusa de Moscou na semana passada, Riade reduziu os preços acentuadamente, em uma tentativa de roubar participação de mercado de Moscou. Provocou um terremoto nos mercados financeiros, o que está afetando especialmente a Rússia.

Após uma recuperação nas bolsas de valores, a gigante Saudi Aramco anunciou nesta quarta-feira (11) que planeja aumentar sua capacidade de produção de petróleo em um milhão de barris por dia (bpd), elevando-a para 13 milhões.

"A Saudi Aramco anuncia que recebeu uma diretriz do Ministério da Energia para aumentar sua capacidade máxima sustentável de 12 para 13 milhões de bpd", disse a empresa pública em comunicado divulgado no site da Bolsa de Valores da Arábia Saudita.

Ontem, o maior exportador de petróleo do mundo já havia decidido aumentar a produção em pelo menos 2,5 milhões de barris por dia para atingir um nível recorde de 12,3 milhões a partir de abril.

Na segunda-feira (9), os preços sofreram sua pior queda em quase 30 anos, despencando cerca de 25% antes de se recuperar no dia seguinte.

Nesta quarta, após o anúncio da Saudi Aramco, os preços do petróleo começaram a cair novamente.

- "Acordo é essencial" -

Por volta das 8h22 GMT (5h22 de Brasília), o barril de "light sweet crude" (WTI), referência americana, para entrega em abril, perdia 0,42 dólar, ou 1,22%, a 33,94 dólares.

O barril de Brent, referência europeia, para entrega em maio, perdia 0,32 dólar, ou 0,86%, para 36,90 dólares.

Já os Emirados, quarto produtor da Opep e aliado de Riade no Golfo, também disseram que estão prontos para aumentar sua produção de petróleo em mais de um milhão de barris por dia.

"De acordo com nossa estratégia de aumentar a capacidade de produção (...), podemos abastecer o mercado com quatro milhões de barris por dia em abril", disse a Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc).

"Além disso, vamos acelerar nossa meta de capacidade para cinco milhões de bpd", acrescentou a empresa pública, que produz atualmente cerca de três milhões de bpd.

"As operadoras dos Emirados têm uma capacidade de produção significativa que será rapidamente colocada em serviço, dadas as circunstâncias atuais", alertou o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suheil al-Mazruei, no Twitter.

Ainda assim, ele acrescentou que o país está "convencido de que um novo acordo (entre a Opep e a Rússia) é essencial para apoiar um mercado equilibrado e menos volátil".

Os anúncios vindos do Golfo não parecem afetar Moscou. O presidente russo, Vladimir Putin, mostrou-se confiante durante uma reunião com investidores, garantindo ter "certeza" de que a economia russa sairá "fortalecida".

O ministro russo da Energia, Alexander Novak, disse na terça-feira que não "fechará a porta" às negociações com os países da Opep. A recente divergência em Moscou "não significa que, no futuro, não seremos mais capazes de cooperar", acrescentou.

O reino saudita alega ter uma capacidade de produção de 12 milhões de bpd, mas ainda não está claro se essa taxa será viável a longo prazo.

A Arábia também tem dezenas de milhões de barris de petróleo armazenados em reservas estratégicas para serem usados quando necessário e pode recorrer a esse estoque para fornecer um volume adicional ao mercado.

Fonte: Reuters

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