Coalizão governista na Alemanha em guerra aberta para escolher o herdeiro de Merkel

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Uma guerra aberta para definir quem será o sucessor de Angela Merkel mobiliza os dois partidos de centro-direita que sustentam o seu governo de 16 anos. A União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) apoiam candidatos distintos às eleições de setembro para o Parlamento alemão: Armin Laschet, o chefe do partido da chanceler, e Markus Soeder, o líder da Bavária, que preside o partido minoritário na coalizão.

Pela ordem natural, o moderado Laschet, de 60 anos, escolhido em janeiro para chefiar a CDU, seria o candidato da aliança governista. Mas vem sendo ofuscado pelo carismático Soeder, de 54, apontado recentemente numa pesquisa de opinião como o político mais popular da Alemanha.

Tradicional aliado de Merkel, Laschet, que governa o estado de Renânia do Norte-Vestfália, segue o seu estilo político e aposta no continuísmo. Quer celeridade para resolver o assunto e ser apontado como o candidato da aliança, conforme justificou a repórteres. "Não podemos mais gastar todo o nosso tempo lidando com as questões internas do nosso partido."

Traduza-se por isso desafios mais imediatos como a queda da aliança conservadora nas pesquisas e a ascensão dos Verdes, em segundo lugar na disputa de setembro. E também o mau desempenho da CDU nas eleições de fevereiro passado nos estados de Renânia-Palatinado e Baden-Württemberg, redutos dos democratas-cristãos.

Os dois partidos costumam apresentar um candidato único às eleições, oriundo da CDU, dominante na coalizão. Mas, desta vez, a batalha está tensa. Após uma reunião entre as legendas nesta terça-feira, ambos os adversários não arredaram pé da convicção de ser o melhor para concorrer ao cargo de chanceler e postergaram a decisão para o fim de semana.

Assim como Laschet, a chanceler vem sendo questionada por líderes regionais pela condução da pandemia. Foi forçada, por exemplo, a recuar da decisão, que assumiu como um erro seu, de decretar o confinamento durante a Semana Santa.

Enquanto isso, o populista Soeder aproveita a popularidade, conquistada, por sinal, pela gestão da crise sanitária, para se firmar no cenário político com um argumento ambicioso: quer ser o candidato dos alemães e não apenas de seu partido. Uma pesquisa da emissora pública ARD corroborou a expectativa do líder bávaro: 54% dos entrevistados preferem que ele saia candidato, em comparação aos 19% que dizem o mesmo de Laschet.

A decisão será a portas fechadas, e a chanceler assegura que vai manter-se alijada do duelo. Apadrinhada em 2018 por Merkel para sucedê-la, Annegret Kramp-Karrenbauer não deu conta do recado e renunciou no início do ano, criticada por ter se aliado a populistas de direita na eleição para o estado da Turíngia. Foi rapidamente substituída por Laschet.

Por mais acirrada que seja a disputa inusitada entre os dois partidos pelo posto de herdeiro de Merkel, torna-se obrigatória obter a bênção da chanceler federal, que esteve por quatro mandatos à frente da maior economia europeia.

Fonte: O Globo

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