Mundo tem 168 milhões de crianças trabalhando, diz OIT

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Cerca de 168 milhões de crianças, ou 11% da população infantil no mundo, realizam algum tipo de trabalho, alerta o relatório "Medir o progresso na luta contra o trabalho infantil", divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A maior parte (59%) está na agricultura, mas a participação do setor de serviços vem avançando: a parcela de crianças no segmento aumentou de 26%, em 2008, para 32%, em 2012, somando 54 milhões, dos quais 11,5 milhões estão em trabalho doméstico, que é considerado uma das piores formas de ocupação infantil. No Brasil, há 257.692 crianças e adolescentes na atividade, conforme dados de junho.

A situação é considerada alarmante para 85 milhões de crianças, que estão no grupo exposto a trabalhos considerados perigosos. O número é metade de registrado em 2000: 171 milhões. NOS PAÍSES POBRES, 23% TRABALHAM

Mas o ritmo de redução não é suficiente para alcançar a meta, pactuada pela comunidade internacional, de eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016. Tampouco até 2020, ano em que, segundo projeção da OIT, ao menos 107 milhões de crianças estarão trabalhando, sendo 50 milhões no grupo que realiza trabalho considerado perigoso.

— Estamos na direção correta, mas os progressos ainda são muito lentos. Se realmente queremos acabar com o flagelo do trabalho infantil no futuro próximo, é necessário intensificar os esforços em todos os níveis. Existem 168 milhões de boas razões para fazê-lo — disse o diretor geral da OIT, Guy Ryder.

Se considerada também a população com idade ente 5 e 17 anos que trabalha ao menos algumas horas por semana, mais 96 milhões devem ser contabilizados, elevando para 264 milhões, ou 17% do total, a fatia de crianças ocupadas no mundo todo. Do grupo das que estão ocupadas, mas não são considerados trabalhadoras infantis, fazem parte as crianças e jovens em empregos permitidos para determinada faixa etária e por poucas horas.

No Brasil, a partir dos 14 anos, é permitido o trabalho como aprendiz e, a partir dos 16, é permitido o trabalho em geral, desde que não seja perigoso.

Pela primeira vez, a OIT relacionou trabalho infantil com o nível de rendimento dos países. Nas nações mais pobres, 23% das crianças são trabalhadoras. Nas de rendimento médio baixo, a taxa é de 9% e, nas de rendimento médio alto, 6%. Não há dados para os países com nível de rendimentos elevados.

Em termos absolutos, o maior número de crianças trabalhadoras se encontra na região da Ásia-Pacífico. A região, porém, registrou a maior redução: de 114 milhões, em 2008, para 78 milhões, em 2012. No Oriente Médio e no Norte da África há 9,2 milhões de crianças trabalhadoras. Na América Latina, 1,6 milhão. A África Subsaariana continua a ser a região com a mais elevada incidência de trabalho infantil, com 21,4% das 59 milhões de crianças.

Em relação às atividades, o estudo verificou que enquanto o setor de serviços ganha terreno em economias emergentes, como Brasil, México e Indonésia, também avança em participação no uso de mão de obra infantil. São 54 milhões de crianças nos segmento, contra 12 milhões na indústria e 98 milhões na agricultura, que teve recuo considerável, pois 129 milhões trabalhavam no campo em 2008.

Em todos os setores, o número de meninos é superior ao das meninas, com a exceção importante do trabalho doméstico. "O trabalho doméstico é uma forma de trabalho oculta da visão pública e fora da alçada das inspeções de trabalho, o que deixa essas crianças particularmente vulneráveis à exploração e aos maus-tratos" declara a entidade.

Crianças com idade entre 5 e 11 anos ainda representam a maior parte das trabalhadoras: 73 milhões, ou 44% do total do trabalho das crianças.

Fonte: O Globo

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