UE quer levar pequenas e médias empresas do bloco para o Brasil

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A União Europeia quer ampliar a presença de suas empresas no Brasil, especialmente as pequenas e médias, confiando que o país pode contribuir mais para a recuperação econômica do bloco. A afirmação é do comissário europeu de Indústria, o italiano Antonio Tajani, em entrevista.

É com esse objetivo que ele viaja ao Brasil nesta quinta e sexta-feira, acompanhado de representantes das principais associações empresariais europeias. Entre eles está o diretor internacional da companhia espanhola de telecomunicações Telefónica.

"A internacionalização das nossas empresas é crucial para a saída da crise", afirmou Tajani.

Sua ideia principal é ajudar pequenas e médias empresas europeias a estabelecer contatos para criar joint ventures que lhes permitiriam expandir seus negócios ao Brasil.

Segundo dados da Comissão Europeia (braço Executivo da UE), as 23 milhões de pequenas e médias empresas do bloco respondem por dois terços do emprego no setor privado e foram responsáveis por cerca de 80% dos postos de trabalho criados nos últimos cinco anos. Mas para que as empresas europeias possam aumentar sua presença e investimentos no Brasil, Tajani insistirá com o governo brasileiro quanto à necessidade de simplificar a burocracia e reduzir as barreiras comerciais.

A UE considera que o Brasil é um dos países que mais aumentaram as barreiras comerciais nos últimos 18 meses, tanto tarifárias como não tarifárias.

Outra questão importante é a harmonização de regras e padrões industriais entre a UE e o Brasil, o que "facilitaria os negócios" e resultaria em "grandes economias" para as empresas das duas partes, que enfrentam "problemas parecidos" para manter a competitividade.

"Se trabalhamos juntos podemos melhorar nossa competitividade. Para mim, ter um Brasil competitivo não é algo negativo, porque beneficiaria as empresas europeias que atuam no país", argumentou.

Na opinião da UE, o Brasil é um "mercado interessante" e "economicamente muito forte".

"Queremos que o Mercosul se mexa, mas, enquanto isso não acontece, não podemos esquecer a nação forte que é o Brasil. Não podemos esperar por uma decisão que concerne a política interna do Mercosul. Temos que avançar com o Brasil."

"Claro que há problemas. A crise é global. Mas o Brasil continua crescendo, mesmo se menos que nos anos anteriores. Para nós (a UE), que estamos com crescimento zero, um crescimento a 3% é muito interessante", defendeu o comissário.

Tajani chamou atenção para as "muitas oportunidades" de negócios que surgirão com a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada no Brasil, em especial no setor de construção e infraestrutura na região de São Paulo.

Além disso, o país tem a preferência dos europeus sobre outros mercados emergentes, como a China, devido à sua proximidade cultural e linguística com a Europa.

A vinda de Antonio Tajani ocorre após um avanço nas negociações para o futuro estabelecimento de um acordo de livre-comércio com a União Europeia, que se arrasta desde 1999.

Na quinta-feira, o conselho de Ministros da Camex (Câmara de Comércio Exterior) aprovou uma proposta brasileira para retomada das negociações. O projeto prevê uma redução de tarifas para 85% dos itens do comércio bilateral, que ocorreria de forma gradativa em até 15 anos.

A proposta, porém, ainda precisará ser avaliada pelos demais membros do Mercosul para a redação de uma proposta comum, sem a perspectiva de uma conclusão rápida do processo.

Segundo o comissário, a UE não quer ficar de braços cruzados esperando a conclusão das negociações entre os dois blocos e, por isso, aposta em um entendimento bilateral com o Brasil.

"Queremos que o Mercosul se mexa, mas, enquanto isso não acontece, não podemos esquecer a nação forte que é o Brasil. Não podemos esperar por uma decisão que concerne a política interna do Mercosul. Temos que avançar com o Brasil", defendeu.

Tajani se reunirá em Brasília com os ministros de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel; de Educação, Aloizio Mercadante; e de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.

Sua viagem servirá também para preparar a cúpula bilateral que a UE e o Brasil celebram no início de 2014 como parte de uma associação estratégica estabelecida em 2007.

O país é o principal sócio comercial da UE na América Latina, respondendo por 37% de todo o comércio do bloco com a região - um valor de 76,7 bilhões de euros em 2012.

Nesse ano, as exportações europeias para o Brasil aumentaram 10% comparado com 2011, para um total de 40 bilhões de euros, enquanto que as exportações brasileiras para a UE caíram 4,7%, até 37 bilhões de euros.

Fonte: BBC Brasil

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