China pede moeda global como alternativa ao dólar

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A agência oficial chinesa Xinhua propôs a adoção de uma moeda alternativa ao dólar para as reservas internacionais a fim de reduzir os riscos criados pelas "turbulências" americanas.

O artigo da agência, que ecoa o governo de Pequim, é uma de suas críticas mais duras aos EUA e afirma que o risco de calote americano reforça a necessidade de "desamericanizar" o mundo.

Usando o impasse em torno do teto da dívida americana, o artigo aproveita para mirar vários alvos, da gênese da crise financeira global de 2008 à invasão do Iraque. "Em vez de honrar seus compromissos como um líder responsável, uma Washington autocentrada abusou do status de superpotência e introduziu mais caos no mundo, transferindo riscos financeiros ao exterior, instigando tensões regionais em meio a disputas territoriais e travando guerras sob o pretexto de mentiras", acusa o texto.

Na semana passada, China e Japão, países que detêm juntos 43% dos títulos da dívida americana em mãos estrangeiras, alertaram para o risco de contágio global de um possível calote dos EUA.

O tom agressivo usado no artigo da Xinhua, entretanto, vai muito além das advertências diplomáticas de Pequim e mesmo dos costumeiros ataques à hegemonia americana na
imprensa estatal.

"Enquanto políticos americanos buscam um acordo para normalizar o sistema do qual se gabam, talvez seja o momento para um mundo atônito começar a considerar a construção de um mundo desamericanizado", propõe.

A agência estatal enfatiza mudanças na governança global defendidas pelo governo chinês: mais poder aos emergentes nas instituições multilaterais, como Banco Mundial e FMI, e um papel de menor peso para o dólar.

A introdução de uma nova moeda internacional de reserva, argumenta o texto, "permitiria que a comunidade internacional se mantivesse longe dos estilhaços da crescente turbulência doméstica nos EUA".

A quebra da hegemonia do dólar é um projeto dos países do Brics, que estudam criar um mecanismo para que o comércio entre eles seria feito em moedas locais, a fim de evitar volatilidade cambial.

China e Rússia há anos tem parte de seu comércio em yuans e rublos. Na última cúpula do Brics, em março, Brasil e China chegaram a um acordo para troca de moedas (swap) a fim de facilitar seu comércio bilateral.

Fonte: Folha de São Paulo

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