Abertura da China para milho esbarra em logística

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A retirada das barreiras fitossanitárias chinesas sobre o milho brasileiro, anunciada nesta semana, é muito importante para o Brasil. Mas é mais importante ainda para a China. Os chineses aprenderam que não podem ficar dependentes de apenas um mercado, o norte-americano.

Há dez anos, os chineses produziam 116 milhões de toneladas de milho e consumiam abaixo da produção. Com excesso de oferta, chegaram a exportar 15 milhões de toneladas por ano.

Nesta safra 2013/14, a produção chinesa deverá atingir 213 milhões de toneladas, e o consumo interno vai a 221 milhões, conforme dados da Amis, um departamento de estatística do G20. Ou seja, os chineses deixaram de exportar e estão consumindo os estoques internos. A saída é buscar novos mercados, como o Brasil -que chegou aos 80 milhões de toneladas por ano- e a Argentina, os principais produtores da América do Sul.

O consumo de milho na China supera a produção desde a safra 2010/11, e o crescimento ocorre devido à elevação da renda de boa parte dos chineses. A evolução da renda está mudando o hábito de consumo do país, que exige mais carne e menos arroz.

Nos últimos dez anos, a produção de arroz subiu de 130 milhões de toneladas para 140 milhões, enquanto o consumo evoluiu de 132 milhões para 137 milhões.

Em compensação, apenas o consumo de milho para ração deverá atingir 160 milhões de toneladas neste ano.

Após a China sustentar a produção brasileira de soja, poderá dar fôlego também à de milho. Mas o caminho a ser percorrido é diferente.

Um dos grandes beneficiados seriam os produtores do Centro-Oeste, onde a produção cresce vertiginosamente. Utilizando 40% da área que é destinada à soja na primeira safra, os mato-grossenses já produzem 22 milhões de toneladas de milho.
O mercado chinês será uma grande conquista para os brasileiros, mas o governo terá de resolver os tradicionais problemas de logística.

A soja brasileira também tem os mesmos problemas, mas acaba sendo competitiva porque o Brasil tem uma das melhores produtividades mundiais por hectare.

No caso do milho, a produtividade média brasileira ainda está distante das de EUA e Argentina. Além disso, os produtores vendem hoje a saca de milho de R$ 8,50 a R$ 10 em Sorriso (MT). O custo de transporte dessa cidade ao porto de Santos é de R$ 15,60.

Dependência 1 As importações chinesas de milho feitas no Brasil ainda são pequenas. Neste ano somam 20 mil toneladas, após terem atingido 80 mil em 2012, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Dependência 2 Já as compras da China feitas nos Estados Unidos subiram para 4,4 milhões de toneladas no ano passado, aponta o Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).

Novos mercados Com a seca nos Estados Unidos, os norte-americanos venderam apenas 1,4 milhão de toneladas de janeiro a agosto deste ano para os chineses. No mesmo período de 2012, as vendas tinham atingido 3,1 milhões de toneladas.

As exportações brasileiras de milho deste ano vão superar as de 2012, quando atingiram 19,8 milhões de toneladas. De janeiro a outubro já saíram 19,7 milhões de toneladas do país.

O milho tem queda acumulada de 43% em Chicago nos últimos 12 meses.

Os produtos agropecuários subiram 0,42% em outubro no atacado, segundo o Índice de Preços por Atacado do IGP da FGV. A taxa ficou abaixo dos 2,04% de setembro.

A pesquisa de preços da FGV indicou que as carnes suína e bovina puxaram a inflação para cima. Já café e milho caíram de preço e impediram uma evolução maior da inflação no período.

Café - Preço interno é o menor desde julho de 2009

Queda de preço e baixa liquidez foram a tônica do mercado interno de café arábica. Em outubro, a média de preços do Cepea para o arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto em São Paulo, foi de R$ 254 por saca de 60 kg. Esse foi o menor valor nominal para o produto desde julho de 2009.

Fonte: Folha de São Paulo

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