Chile e Japão aumentam volume de aportes no Brasil
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- 18/11/13
A participação do Chile e do Japão nos investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil aumentou e colocou os dois países dentre os cinco que mais investem. Segundo dados do Banco Central, até o mês de setembro, o Chile, em quarto lugar na lista, respondeu por 7,3% dos investimentos diretos no País.
O Japão, logo em seguida, teve participação de 5,7%. Para especialistas, isso tem acontecido pelos atrativos do mercado brasileiro, junto com as condições favoráveis nesses países para investir no mercado externo.
Ainda assim, o ingresso de IED ficou, nos nove primeiros meses do ano, 20% menor do que no mesmo período de 2012.
O professor da Fundação Instituto de Administração, José Roberto de Araújo Cunha Junior, o Brasil tem três principais fatores atrativos para estrangeiros, que influenciaram o crescimento desse tipo de investimento entre 2009 e 2011: taxa de crescimento de mercado, tamanho do mercado e recursos naturais. "Houve uma melhoria na distribuição de renda do país, as camadas menos favorecidas tiveram poder de consumo maior, isso tem atraído muitos investidores. Não são muitos países que têm mais de 200 milhões de consumidores, e com poder aquisitivo", disse. Os especialistas explicam que, como o Chile é uma economia forte, mas com um mercado interno pequeno, ele precisa expandir para o exterior. "Ele está aproveitando o período de ouro das commodities e utilizando o dinheiro para diversificar exportação", justificou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), lembrando que o Chile conseguiu uma boa arrecadação com a venda do cobre, nesse período citado.
Além disso, conforme lembra o professor da FIA, a questão cultural e de proximidade territorial também influenciam. "Existe um fator muito importante, que atrai investidores para o Brasil, chamado distância psíquica. O estrangeiro prefere investir em um país onde ele tenha um certo conhecimento cultural. No caso do Chile, é mais fácil para eles investirem no mercado brasileiro, que tem características culturais mais próximas", disse.
Para José Roberto, os principais atrativos que o Japão vê no Brasil são recursos naturais e mercado consumidor. Ele destaca que, apesar de os nipônicos terem um mercado grande, o país não cresce, está estacionado. Aqui, eles encontram o mercado com poder de aquisição e os recursos naturais que o Oriente não consegue oferecer. "O Brasil tem os recursos naturais que no Oriente não tem, como minérios e alimentos. O recurso natural terra é importante para quem não tem no seu próprio país", disse o professor.
José Augusto completa que isso é possível, também, pela questão cambial. "A moeda passou a ter uma cotação que torna os produtos deles [dos japoneses] competitivos. As desvalorizações ajudam", afirmou. Para ele, inclusive, esses investidores estão olhando para o Brasil pelo grande potencial de crescimento. "Todos os estudos feitos, hoje, mostram que o Brasil, em 2030, 2040, será a quarta ou quinta potência mundial. Eles estão investindo no futuro.
Esses países estão investindo voltados para o mercado interno." O presidente da AEB acrescentou que, no caso de investimentos voltados para o mercado financeiro, a política fiscal, principal preocupação das agências de rating sobre o País, pode ter efeitos negativos.
Mas, apesar de o mercado ainda dar sinais de que o Brasil é atrativo para os investimentos estrangeiros diretos, José Roberto acredita que o ingresso pode diminuir, devendo fechar 2013 com um volume menor que o do ano passado. "Se o Brasil continuar crescendo a essa taxa, com as economias europeias, mais Turquia, Índia e Rússia crescendo mais do que o Brasil e a economia americana se recuperando, os investidores vão para lá, diminuindo o ingresso de investimentos no Brasil". afirmou.
Para o professor, a política econômica é fator relevante quando o empresário vai decidir onde vai investir, mas não é um dos mais importantes. Ainda assim, ele lembra: "Se a politica econômica dificultar o consumo da população, a médio prazo, isso vai afetar os investimentos. É preciso conciliar politica econômica para combater a inflação e, ao mesmo tempo, estimular a economia".
Fonte: Diário do Comércio e Indústria