China dá maior impulso à energia eólica já visto no mundo
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- 20/02/14
Os chineses deram início ao maior impulso que as energias renováveis já receberam em todo o mundo, prometendo - entre outras coisas - dobrar o número de turbinas eólicas no país ao longo dos próximos seis anos.
Já ocupando o posto de o maior gerador de energia pelo vento do mundo, a China agora planeja intensificar massivamente esse setor.
Com uma capacidade instalada de energia eólica de cerca de 75 gigawatts (GW), o país pretende atingir a marca de 200 GW até 2020.
Os países da União Europeia, em comparação, têm juntos um total de 90 GW de capacidade instalada de energia eólica. Apesar de ser visto como um dos países de maior potencial na geração de energia eólica no mundo, o Brasil possui uma capacidade instalada de energia eólica de apenas 2,2 GW, segundo cálculo do Ministério de Minas e Energia. Novos parques eólicos estão sendo criados em ritmo acelerado na China.
"Há sete anos, conseguíamos produzir uma turbina a cada dois dias. Agora conseguíamos fazer duas em um dia", diz Jiang Bo, engenheiro da empresa Goldwind, que produz turbinas.
No entanto, um dos principais desafios é integrar a cadeia produtiva da energia eólica. As regiões onde há mais vento, como Xinjiang, costumam ser muito distantes das cidades grandes, onde a demanda por energia elétrica é maior.
E o valor da construção de campos eólicos costuma exceder a das conexões necessárias para ligar as turbinas na rede de distribuição.
Também há problemas nas linhas de distribuição, pouco acostumadas à intermitência da energia gerada pelo vento.
Mas uma questão ainda mais fundamental recai sobre a contribuição da energia eólica para a insaciável demanda de energia chinesa.
Duas usinas são instaladas por dia na região de Xinjiang
Dados recentes, de 2012, indicam que enquanto o carvão gera 75% da eletricidade do país, a eólica produz 2% (no Brasil, essa participação é de 1,7%).
No entanto, em números absolutos, a geração total de energia eólica na China é mais do que o produzido em toda a União Europeia.
"Dois por cento parece pouco, mas quando você considera o total de eletricidade usado no país, você percebe que não é pouco", diz Liming Qiao, diretor para a China do Global Wind Energy Council (GWEC).
"Na verdade, no ano passado, a eólica superou a nuclear e se tornou a terceira matriz energética do país, após as termoelétricas a carvão e as hidrelétricas."
A escala do mercado eólico chinês vem ajudando na redução de preços de produção e incentivando a inovação no setor.
Antes, os chineses obtinham licenças para produzir turbinas de países ocidentais. Agora, o boom do setor levou a uma enxurrada de novos – e mais modernos - modelos nacionais.
O desenvolvimento dessa indústria na China também vem puxando os preços para baixo em outros países, segundo Paolo Frankl, da Agência Internacional de Energia.
Ele acredita que os chineses ampliem as exportações no setor para mercados na Ásia, América Latina e África.
Subsídios
O governo chinês vê as energias renováveis como estratégia prioritária, liberando uma série de subsídios.
A altíssima poluição do ar em muitas cidades do país também vem incentivando o uso desse tipo de energia.
Mas ainda precisa ser respondida a questão quanto a se o custo da energia eólica poderá ser reduzido a ponto de ficar abaixo do das termoelétricas a carvão.
Ma Jinru, vice-presidente da Goldwind, acredita que sim.
"No futuro, quando os recursos ficarem ainda mais limitados, os preços subirem mais e a poluição piorar, a sociedade vai cobrar o custo social disso. Então, a longo prazo, o custo da energia eólica vai ficar abaixo do de carvão. O custo da eólica também vai cair por conta da inovação tecnológica, e o setor vai ter um imenso crescimento."
E se algum país pode produzir energia a partir do vendo em níveis industriais e fazer disso algo rentável, esse país e a China.
Uma prévia desse cenário futuro pode ser encontrada em Xinjiang, próxima à antiga rota da seda, onde há florestas de turbinas metálicas brancas – algumas prontas, outras aguardando para receber hélices e muitas mais prestes a sair do papel.
Fonte: BBC Brasil