Dados oceânicos indicam que haverá forte El Niño este ano

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Um aumento nas temperaturas do Oceano Pacífico e o rápido movimento de águas quentes na direção do leste aumentaram a preocupação de que neste ano o fenômeno El Niño possa ser um dos mais fortes em muitas décadas, disse um cientista australiano especializado em clima.

O fenômeno tem influência direta na agricultura brasileira.

O El Niño - aquecimento das temperaturas do mar no Pacífico - afeta os padrões do vento e pode desencadear tanto inundações como secas em diferentes partes do globo, reduzindo o suprimento de alimentos. A maioria dos modelos de previsão do tempo indica que o El Niño pode se desenvolver por volta de meados do ano, mas ainda é muito cedo para avaliar sua força, disse a Organização Meteorológica Mundial, da ONU, em 15 de abril.

Dados oceânicos indicam que haverá forte El Niño este ano

De acordo com o cientista Wenju Cai, especialista em clima da Organização de Pesquisa Industrial e Científica da Commonwealth, na Austrália, a elevação das temperaturas no Oceano Pacífico acima das vistas nos El Niño de outros anos e o rápido movimento da água quente em direção ao leste fizeram crescer o medo de um fenômeno significativo este ano.

"Acho que este evento tem muitas das características de um El Niño forte", disse Cai.

"Um forte El Niño aparece cedo e nós vimos esse evento ao longo dos últimos dois meses, o que é incomum; o vento que causou o aquecimento é bem amplo e há o que chamamos de efeitos pré-condicionados, nos quais é preciso haver uma grande quantidade de calor no sistema para que haja um grande fenômeno El Niño."

Ele baseou suas conclusões em informações divulgadas pela Administração Nacional Atmosférica e Oceânica dos EUA.

Um forte El Niño iria também elevar a preocupação de que muitas commodities essenciais sejam afetadas.

Problemas agrícolas

O El Niño preocupa a todos que acompanham as irregularidades que afetam fortemente as produções agrícolas em várias partes do mundo. O US Climate Prediction Center afirmou que as chances de ocorrer o fenômeno aumentaram para 65%, quando antes eram estimadas em 52%. As previsões tenderiam para condições climáticas secas acima do normal, não se podendo prever ainda se ocorreria mais cedo ou mais tarde no ano, afetando a Austrália, as Filipinas e a Indonésia, provocando um inverno mais quente nos EUA.

O El Niño costuma atingir também a América do Sul, incluindo o Brasil. Diferentes entidades estimam efeitos sobre a produção do óleo de palma, cacau, café, açúcar, sementes para óleos, lentilhas, soja, amendoim, trigo e arroz, dependendo das regiões em que se concentram suas atenções.

Fonte: Reuters

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