China promete na OMC mais abertura ao comércio
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- 02/07/14
A China vai levar adiante uma nova rodada de abertura de sua economia, no âmbito das reformas em direção de mais consumo doméstico e investimentos. Foi o que a delegação chinesa enfatizou no exame da política comercial do país, iniciado ontem na Organização Mundial do Comércio (OMC) e que termina amanhã.
Pequim diz que vai utilizar ativamente investimentos estrangeiros, abrir mais o setor de serviços e criar as mesmas condições de competição para empresas locais e estrangeiras.
Cobrada pelos parceiros a corrigir inconsistências na implementação de leis, regras e regulações que afetam diretamente negócios, a delegação chinesa retrucou que o plano de Pequim é de unificar as leis para investidores domésticos e estrangeiros, melhorar o regime de investimentos e reformas as aduanas. A China foi alvo de um número recorde de 1.600 questões apresentadas por 30 países, incluindo o Brasil, sobre os mais variados aspectos de sua política comercial. Economistas da OMC confessaram ainda ter tido dificuldades para obter informações sobre uma série de práticas chinesas.
Segunda maior economia do mundo e maior comerciante do planeta, a China diz ser hoje o maior parceiro comercial de mais de 120 países e regiões. Assim, todas as suas ações têm um impacto direto sobre o crescimento das outras economias.
Os Estados Unidos, a maior economia do mundo, elogiaram o anúncio de reformas pelo Partido Comunista, em novembro de 2013, mas insistem que Pequim prossegue com uma política expansiva de apoiar a indústria, particularmente as empresas estatais.
Washington reclamou de proteção inadequada de direitos de intelectuais, política industrial discriminatória, subsídios amplos e generalizados, incluindo para o setor pesqueiro, além de restrições no setor de serviços e medidas sanitárias e fitossanitárias discutíveis que afetam a importação agrícola.
A China reiterou que manterá o ritmo de reformas e abertura, buscando um equilíbrio entre o papel do Estado e o do mercado. Insistiu que, apesar de segunda maior economia do mundo, continua a ser um país em desenvolvimento, com renda per capita de US$ 7 mil, 84ª no mundo. Alegou que está longe de realizar sua industrialização e que os produtos "Made in China" ainda têm pouco valor agregado. E que, por outro lado, o país é agora importador líquido de produtos agrícolas.
Além de ser um dos países que mais atraem investimento estrangeiro, com mais de US$ 110 bilhões ano passado, a China lembrou que também é grande fonte de investimento direto no exterior, com US$ 90,2 bilhões no período.
O Brasil tem na China seu maior parceiro comercial. Pequim respondeu por 17,3% do comércio brasileiro em 2013. Entre 2009 e 2013, o comércio bilateral cresceu de US$ 37 bilhões para US$ 83 bilhões, alta de 125%. Desde 2008, o Brasil tem superávit, que alcançou US$ 8,7 bilhões no ano passado.
Em seu pronunciamento, o embaixador brasileiro na OMC, Marcos Galvão, manifestou preocupação com o perfil da balança bilateral, com as exportações brasileiras concentradas em algumas commodities - minério de ferro, soja, petróleo, açúcar e polpa para papel - enquanto importa da China uma variedade grande de produtos industriais.
O Brasil insiste na importância de mudança nesse perfil, passando também por investimentos bilaterais. Em 2012-2013, 31 projetos de investimentos chineses no Brasil representaram US$ 8,4 bilhões, agora também incluindo serviços e manufatura.
O Brasil destacou ainda a importância de reformas também no sistema de câmbio na China.
Fonte: Valor Econômico