FMI vê economia global mais lenta do que o esperado
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- 08/07/14
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, sugeriu que a instituição pode estar se preparando para reduzir as projeções de crescimento global. Lagarde alertou durante conferência que a aceleração da economia vai aumentar nos próximos 18 meses, mas que esse crescimento não será tão rápido como se esperava, o que pode gerar as mudanças nas ações do Fundo.
Lagarde afirmou que os investimentos públicos foram inesperadamente fracos no início deste ano, embora eles devam melhorar neste segundo semestre e ganhar força durante o próximo ano. Mas os países em desenvolvimento também não cresceram tão rápido quanto a instituição esperava, acrescentou.
Ela também chamou atenção para os EUA. Para a diretora-gerente do FMI, a recuperação econômica norte-americana depende da capacidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) reduzir gradualmente as medidas de estímulos e de os políticos alcançarem um acordo para um plano fiscal. O Fundo irá atualizar suas projeções de crescimento global ainda neste mês. Em abril, a instituição estimou uma expansão de 3,6% para este ano e de 3,9% para o próximo.
Lagarde afirmou que o investimento público deve ser incrementado em alguns países como apoio à recuperação econômica global, que por enquanto permanece frágil e trabalhosa.
"No contexto atual de uma perspectiva de crescimento fraco e os baixos custos de empréstimos, uma estimulação criteriosa de investimento público pode dar o impulso necessário ao crescimento, sobretudo nas economias avançadas", disse Lagarde na conferência Rencontres Economiques, em Aix-em-Provence, ao sul da França.
Lagarde alertou, porém, que várias condições devem ser atendidas para um país aumentar o investimento, incluindo o financiamento acessível e uma necessidade real de aumento da infraestrutura.
Ela disse que muitas das principais economias do mundo têm necessidades de infraestrutura grandes - especialmente os Estados Unidos, o Reino Unido e a Alemanha -, enquanto outros, como a França, têm menos necessidade. A condição-chave para um "relançamento" do investimento público é ter finanças públicas fortes, disse ela.
"A sustentabilidade das finanças públicas deve ser uma das condições necessárias antes de se tomar tais decisões", disse a diretora-gerente do FMI.
Zona do euro preocupa
Ontem o membro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) Ewald Nowotny alertou que as taxas de juros baixas são necessárias para a recuperação econômica da zona do euro, mas não suficientes. Mesmo assim, durante apresentação do relatório de estabilidade financeira do Banco Nacional da Áustria, Nowotny observou que as últimas medidas do BCE tiveram um impacto notável.
Ele lembrou que as próximas operações de liquidez devem ajudar a reduzir a fragmentação nos mercados de crédito da zona do euro, que em sua avaliação permanecem altamente fragmentados. O processo deve incentivar o empréstimo a corporações não financeiras e famílias, disse.
O membro do conselho do BCE ainda afirmou que o processo de revisão da qualidade dos ativos dos bancos está trazendo nervosismo ao mercado, embora o processo leve a mais confiança no longo prazo.
Alemanha em baixa
As bolsas europeias fecharam em queda nesta segunda-feira, após indicadores econômicos fracos sobre a Alemanha tirarem força do rali que aproximou o principal índice acionário do continente da máxima em seis anos e meio.
Segundo dados do Ministério da Economia, a produção industrial da Alemanha caiu 1,8% em maio na comparação com abril, marcando a maior queda mensal desde abril de 2012.
O resultado frustrou as expectativas de analistas que esperavam estabilidade na produção. A atividade na construção liderou a contração, com queda de 4,9%.
O dado industrial se soma a outros indicadores recentes - como as vendas no varejo e encomendas à indústria - que já demonstravam atividade mais fraca que o esperado.
Com isso, o índice Dax, de Frankfurt perdeu 1,03%, aos 9.906,07 pontos, e o índice CAC-40, de Paris, cedeu 1,41%, aos 4.405,76 pontos. Em Madri, o índice IBEX-35 teve queda de 1,10%, aos 10.888,50 pontos. Na capital britânica, o índice FTSE-100 caiu 0,62%, aos 6.823,51 pontos, com baixa de 1,25% nos papéis da SABMiller após a empresa afirmar que planeja vender sua participação de 40% na Tsogo Sun Holdings por cerca de US$ 1,09 bilhão.
"Depois da forte produção no primeiro trimestre, a indústria enfraqueceu nos últimos meses. Além do efeito do feriado prolongado em maio e da fraqueza na construção, o que era de se esperar após o inverno ameno, fatores geopolíticos também podem ter influenciado", informou o ministério em comunicado.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria