Contas externas do Brasil estão em situação 'moderadamente frágil'

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As contas externas brasileiras estão em situação "moderadamente frágil", segundo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado ontem (29). A entidade estimou ainda que a moeda brasileira estava sobrevalorizada em até 15% no ano passado.

O déficit em transações correntes, um dos principais indicadores das contas externas brasileiras, somou US$ 43,3 bilhões no primeiro semestre deste ano, conforme informou o Banco Central na última sexta-feira (25). Para chegar a esse valor se somam os resultados da balança comercial (saldo entre importações e exportações) e de outras operações que impliquem entrada ou saída de capitais (serviços e rendas). O déficit nessas transações indica que os investimentos vindos de fora não estão cobrindo os gastos no exterior.

Sobre o período de janeiro a junho do ano passado, quando o resultado negativo da conta de transações correntes somou US$ 43,18 bilhões, houve um aumento de 0,3%. Com isso, o déficit bateu novo recorde histórico para os seis primeiros meses de um ano, de acordo com o Banco Central. A instituição começou a divulgar dados sobre o setor externo em 1947. Em seu relatório anual sobre como políticas individuais podem afetar a economia mundial, o FMI também alertou que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode reverberar para o resto da região se as sanções contra a Rússia aumentarem, atingindo bancos europeus e o fornecimento de gás natural à Europa. O FMI reduziu as projeções de crescimento para mercados emergentes. O Fundo espera agora que o crescimento deles desacelere para 5% durante os próximos cinco anos, ante média de expansão de 7% de 2003 a 2008

Na pior das suas hipóteses, o FMI informou que os Estados Unidos e o Reino Unido poderiam apertar a política monetária antes do esperado, levando a taxas mais altas ao redor do mundo, mesmo enquanto importantes mercados emergentes desaceleram outro 0,5 ponto percentual durante os próximos três anos.

Os dois acontecimentos podem reforçar um ao outro, causando crescimento mais lento e afetando em particular os mercados emergentes com grandes desequilíbrios econômicos, como a Argentina, o Brasil, a Rússia e a Turquia.

O FMI informou que a expansão mais lenta nos países em desenvolvimento, há muito tempo o motor da recuperação global, deve-se cada vez mais provavelmente a fatores estruturais, e não cíclicos.

O FMI reduziu as projeções de crescimento para mercados emergentes em 2 pontos percentuais nos últimos quatro anos. O Fundo espera agora que o crescimento deles desacelere para 5% durante os próximos cinco anos, ante média de expansão de 7% de 2003 a 2008.

"Dada a significativa e crescente contribuição [dos mercados emergentes] à economia global durante as últimas décadas, sua recente desaceleração pode ter implicações abrangentes para o resto do mundo", disse o FMI no relatório.

Os mercados emergentes afetam o resto do mundo na maior parte por meio de canais comerciais e financeiros. Uma desaceleração de 1 ponto percentual em mercados emergentes leva à perda de 0,25 ponto percentual nas economias avançadas, de acordo com o FMI.

No entanto, uma desaceleração em importantes mercados emergentes, especialmente o Brasil, a Rússia, a China e a Venezuela, também teria grande impacto em suas regiões, por meio de canais como preços de petróleo e remessas.

Fonte: G1

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