Ministro chinelo critica populismo do Mercosul e pouca integração economica

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"Quando os líderes do Mercosul reuniram-se em Caracas, esta semana, a arrogância habitual sobre levantar-se contra imperialismo encheu o ar. O cheiro, porém, era de inconfundível de decadência", critica o ministro chileno André Velasco, em artigo publicado no último dia 1, no Project Syndicate, a maior associação de colunistas de opinião do mundo. Ele critica o populismo da América Latina e lamenta a pouca integração econômica, fazendo um resumo dos problemas de cada país.

Velasco é ministro de finanças dos Chile e diz que o Mercosul, visto como um grupo econômico é, na verdade, uma criação política desde o seu início. "O Brasil, a potência regional, sempre o viu como um contrapeso aos Estados Unidos em assuntos hemisféricos. Governos peronistas na Argentina usaram-no para a campanha publicitária da integração, fazendo pouco ou nada para remover as barreiras reais ao comércio. Com a entrada da Venezuela de Hugo Chávez em 2006, a guinada em direção populismo se tornou inconfundível", comenta.

"Como um ministro do governo chileno desde a última década, lembro-me da frustração de assistir a reuniões do Mercosul (Chile é membro associado). Elas eram longas e os discursos intermináveis??, ao contrário de acordos significativos sobre qualquer coisa", comenta. Ministro enumera dificuldades dos países latinos: clima em Caracas era "fúnebre", diz

O ministro comenta país a país, numa posição pessimista quanto ao destino do Mercosul: "O anfitrião, o sucessor de Chávez, Nicolás Maduro, enfrenta uma economia em colapso e tensões dentro de seu próprio partido. Apesar dos preços relativamente elevados do petróleo, a Venezuela tem um grande déficit fiscal e queda reservas cambiais. A taxa de inflação é mais alta da região e a economia está estagnada.

Diante da frustração popular com o agravamento das condições de vida, o governo de Maduro tem apostado em repressão violenta para pôr fim aos protestos de rua. O líder da oposição Leopoldo López passou meses em uma prisão militar antes de, recentemente, ser levado a julgamento. Instituições como a Human Rights Watch denunciaram repetidamente violações e restrições às liberdades civis no país.

A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, chegou a Caracas na esperança de despertar o apoio em sua luta contra os chamados fundos abutres. Cristina descobriu que palavras educadas de seus colegas pouco importavam. A decisão do Supremo Tribunal dos EUA no mês passado colocou-a em uma situação impossível.

Na Bolívia, o presidente Evo Morales tem recorrido a manobras legais e constitucionais para continuar no poder. Depois de dois mandatos, Morales deveria, em teoria, ser proibido de correr novamente. Mas o Tribunal Constitucional da Bolívia decidiu que ele pode continuar, porque a adoção de uma nova Constituição redefiniu o país como 'Estado Plurinacional da Bolívia'; Morales, por isso, servirá o seu primeiro mandato como chefe de um estado diferente.

No Equador, também, as instituições democráticas estão sob cerco. Um relatório independente narra 12 episódios de intromissão do governo em decisões judiciais. A "lei da mordaça" sobre a imprensa que foi promulgada no ano passado já acabou com edição impressa um grande jornal.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, enfrenta uma situação que é semelhante e diferente da de seus colegas do Mercosul. O Brasil não é o tipo de país em que um presidente pode manipular a constituição ou jornais à vontade. Mas mal-estar está no ar no Brasil.

A rápida recuperação do Brasil da crise financeira de 2008 encantou os mercados financeiros internacionais, mas o fraco crescimento desde então deixou a promessa a ser cumprida. Apesar de baixo nível de desemprego, a ansiedade econômica está em ascensão - e está começando a entrar no campo político. Com Rousseff caindo nas pesquisas e seus adversários lentamente começando a subir, a eleição presidencial de outubro - que se pensava ser um negócio feito - pode estar prestes a mudar.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, não foi a reunião, por culpa de um resfriado. Dilma e Bachelet eram candidatas naturais para liderar o desenvolvimento num contrapeso moderado ao populismo de Maduro, Fernández, Morales e Correa. Mas Dilma, como seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, optou por não preencher esse papel, aproximando-se da Venezuela. O Chile, por sua vez, é muito pequeno para ir sozinho, e Bachelet tem as mãos cheias com imposto cada vez mais controversos, educação e reformas constitucionais.

O presidente do Uruguai, José Mujica, ofereceu o melhor resumo do que aconteceu em Caracas: 'Emitimos um comunicado'. Em outras palavras, o Mercosul continua a ser um espaço de debate irrelevantes - e o surgimento de um moderno centro-esquerda de liderança regional na América Latina terá que esperar".

Fonte: Jornal do Brasil

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