Brasil perde espaço no comércio com a África

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O noticiário sobre o déficit na balança comercial do Brasil com regiões e países tem focalizado principalmente o relacionado com a África.

Os setores de máquinas e equipamentos e de engenharia e construção civil têm sido os mais afetados. Nesse caso, a queda nos fornecimentos a países como Angola e Moçambique é atribuída à concorrência chinesa. O mais preocupante é que os déficits vêm ocorrendo apesar da política de fortalecimento dos laços com os países africanos, levada a cabo nos dois mandatos do presidente Lula e mantida pela presidente Dilma Rousseff. Sob Lula, foram abertas diversas embaixadas do Brasil naquele continente, e o BNDES tem dado apoio financeiro a empresas brasileiras envolvidas em projetos em terras africanas.

Porém, o tratamento preferencial do Brasil não tem sido suficiente para deter o avanço dos chineses em mercados onde as multinacionais do país se consideravam bem preparadas para atuar em pé de igualdade com a concorrência internacional.

Tratamento preferencial do Brasil não tem sido suficiente para deter o avanço dos chineses em mercados africanos. O momento é de análise das razões do declínio acentuado das vendas para o continente africano. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o saldo negativo com os países africanos elevou-se nos cinco primeiros meses deste ano a 13,30%, passando de US$ 2,38 bilhões no período janeiro-maio de 2013 para US$ 2,70 bilhões em igual período deste ano.

Além da perda de competitividade em função de gargalos no sistema brasileiro de logística, parte importante do 'custo Brasil', é preciso questionar por que o aparato de promoção comercial não está rendendo os frutos esperados na África, onde, como em outras regiões emergentes, tem havido crescimento do consumo e melhora dos padrões de vida.

Parece-nos que o Brasil não está explorando adequadamente as oportunidades naquele continente.

O Brasil precisa ser mais profissional nas negociações comerciais para abrir mercados. É preciso maior competência para obtermos reciprocidade. O Brasil pode e deve cooperar, mas deve aprender a cobrar reciprocidade pelo tratamento preferencial concedido àqueles países.

O setor de proteína animal (carne de frango e suína), assim como outros, se ressente de redução nas exportações para mercados da África. De janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2013, vendemos menos carne de frango para a África do Sul, Gana, Gabão, República Democrática do Congo e Moçambique.

Apesar de ser um bom mercado para aves, a África do Sul é fechada para a importação de carne suína brasileira. Já com a Nigéria ocorre o contrário: o mercado é fechado para as nossas vendas de frango. Dada a importância que vem adquirindo a proteína animal no crescimento de países emergentes, seria desejável que o governo brasileiro tivesse uma atuação firme na abertura da África do Sul para a carne suína e da Nigéria para a carne de frango.

O surgimento de uma nova classe média é um fenômeno mundial, não apenas brasileiro. Com renda mais elevada, as pessoas consomem mais carnes, ovos e lácteos.

A Nigéria é um produtor de aves, e a importação desse produto contribuiria para o aumento da ingestão de proteína animal. O país, com 174 milhões de habitantes, é a maior economia do continente africano, com um consumo per capita de carne de frango de apenas 4,1 kg, enquanto no Brasil, com cerca de 200 milhões de habitantes, o consumo é de 45 kg por pessoa.

A proteína animal de qualidade produzida pelo Brasil já provou que é competitiva. O Brasil é o principal exportador mundial de carne de frango e o quarto de carne suína. Vendemos carne de aves para 150 países e carne suína para mais de 70 mercados.

Um bom exemplo de expansão das nossas vendas em decorrência do aumento de consumo de proteína animal é o que vem ocorrendo na China, onde a migração da população do campo para as cidades faz crescer o mercado de proteína animal. O Brasil beneficiou-se desse movimento, pois de 2009, quando o mercado chinês se abriu às exportações brasileiras de frango, para 2013, passamos de 27 mil toneladas para 200 mil toneladas.

Na África, também, o aumento de renda tem contribuído para maior absorção de proteína animal. Em cinco anos, a fatia representada pela África nos embarques de carne de frango do Brasil subiu de 9,4% para 13,4% (525 mil toneladas). No mesmo período, a participação da União Europeia reduziu-se de 14,4% para 10,7% (419 mil t). São nossos consumidores de carne de frango naquele continente: África do Sul, Angola, Gana, Congo, Gabão, Benin, República Democrática do Congo e Moçambique.

Em carne suína, nosso principal cliente africano é Angola, com uma participação de 10,97% nas vendas externas brasileiras do produto. Mas vendemos também carne suína, ainda que em menores quantidades do que as destinadas a Angola, para Camarões, Cabo Verde, Congo, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Guiné Equatorial, Moçambique, Namíbia e Senegal.

Na Nigéria, onde a população, em sua maioria, vive com menos de US$ 1,25 por dia, com o aumento da renda que se projeta para os próximos anos haverá também uma ampliação do consumo de proteína animal. E quantos países como a Nigéria não terão necessidades crescentes de ingestão de carnes?

Precisamos pensar grande e executar uma política de melhores resultados no relacionamento comercial com a África. A ampliação de ações oficiais para expandir a presença de produtos e serviços brasileiros no continente africano é imperativa, aproveitando do adensamento das relações diplomáticas com aqueles países, de instrumentos financeiros proporcionados pelos governos Lula e Dilma e da intensificação da cooperação técnica, sobretudo na área agrícola.

Fonte: Avisite

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