Taiwan se firma como importante parceiro do Brasil com trocas comerciais de US$ 5 bilhões
- Detalhes
- 13/08/14
Com uma extensão de apenas 36.189 km2, população em torno de 24 milhões de habitantes, Taiwan teve em 2013 um comércio exterior (exportações e importações) no total de US$ 578,8 bilhões (no mesmo ano, o fluxo comercial brasileiro foi de US$ 482 bilhões). Taiwan figurou como o décimo-oitavo mercado mundial, sendo o décimo-sétimo exportador e o décimo-oitavo importador. Ano passado, Taiwan fechou a balança comercial com um superávit de US$ 34,4 bilhões.
Os números acima credenciam Taiwan a tornar-se cada vez mais um importante parceiro comercial do Brasil, apesar da distância que separa os dois países. Este ano, de janeiro a julho, as trocas bilaterais totalizaram US$ 2,196 bilhões, resultado de exportações brasileiras no montante de US$ 746 milhões e vendas taiwanesas no valor de US$ 1,450 bilhão. O fluxo comercial foi favorável a Taiwan no montante de US$ 703 milhões. As trocas comerciais entre o Brasil e Taiwan nos sete primeiros meses deste ano foram marcadas por uma forte retração (-34,45%), enquanto as exportações de Taiwan tiveram um ligeiro aumento (+1,97%) comparativamente com igual período de 2013. Taiwan teve uma participação de 0,68% no total exportado pelo Brasil no período e foi responsável por 1,28% de todas as compras realizadas pelo País no exterior.
A forte queda nas exportações brasileiras impedirá que o intercâmbio bilateral termine o ano próximo da cifra recorde registrada em 2013, quando o comércio brasileiro-taiwanês totalizou US$ 5,244 bilhões. No período, as exportações brasileiras somaram US$ 2,306 bilhões e as vendas de Taiwan atingiram o montante de US$ 2,958 bilhões.
A exemplo do que acontece com outros grandes parceiros comerciais do Brasil, as exportações brasileiras para Taiwan são marcadas por uma forte concentração em produtos primários, de menor valor agregado. Na outra ponta, Taiwan abastece o mercado brasileiro com produtos a mais vasta lista de bens industrializados.
Nos sete primeiros meses de 2014, a pauta exportadora brasileira para Taiwan concentrou-se praticamente em dois produtos, minérios de ferro e soja. Os minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados, geraram uma receita de US$ 160 milhões, enquanto os minérios de ferro aglomerados e seus concentrados foram responsáveis por vendas no total de US$ 157 milhões. As exportações de soja totalizaram US$ 157 milhões. Esses produtos isolados foram responsáveis por 57,20% de todo o volume exportado pelo Brasil para Taiwan.
Além desses produtos, o Brasil vendeu para Taiwan milho em grão (US$ 70 milhões), pasta química de madeira (US$ 52 milhões), ferro fundido bruto não ligado (US$ 29 mlihões), álcool etílico (US$ 18 milhões), couros (US$ 18 milhões) e algodão (US$ 14 milhões).
Na outra ponta do intercâmbio, as exportações de Taiwan para o Brasil concentram-se essencialmente em produtos industrializados. A relação inclui, entre outros bens, circuitos integrados monolíticos (US$ 136 milhões), outras partes para aparelhos receptores de radiodifusão e televisão (US$ 116 milhões), microprocessadores (US$ 100 milhões), circuitos integrados monolíticos "chipset" (US$ 51 milhões), outras memórias digitais montadas (US$ 39 milhões) e memória Ram (US$ 36 milhões). A esses produtos altamente industrializados, soma-se uma peculiaridade: tubarão-azul eviscerado, sem cabeça e sem barbatana congelado, no montante de US$ 6 milhões.
Estudo do MRE
Estudo elaborado pela Divisão de Inteligência Comercial do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos, do Itamaraty revela que em 2013 Taiwan teve um Produto Interno Bruto nominal de US$ 489,2 bilhões e um comércio exterior de US$ 575,8 bilhões..
Ano passado, Taiwan exportou US$ 305,1 bilhões e importou produtos no valor de US$ 270,7 bilhões, o que gerou um superávit de US$ 34,4 bilhões. A China se destacou como principal parceiro comercial de Taiwan, com trocas no total de US$ 81,7 bilhões (participação de 26,8% no comércio global da ilha), seguida por Hong Kong (US$ 39,4 bilhões) e Estados Unidos (US$ 32,6 bilhões).
No tocante às importações realizadas por Taiwan, os principais parceiros foram o Japão (US$ 43,3 bilhões e participação de 16% no total importado), China (US$ 42,7 bilhões e participação de US$ 15,8%) e Estados Unidos (importações de bens no total de US$ 25,6 bilhões e participação de 9,5% em todo o volume importado por Taiwan).
O Brasil figurou como décimo-nono fornecedor do mercado taiwanês, com 1,0% do total. Ano passado, Taiwan foi o vigésimo-terceiro parceiro comercial do Brasil, com participação de 1,09% no comércio exterior brasileiro.
Taiwan possui uma das economias mais robustas e sofisticadas de todo o mundo. Seu parque industrial produz a mais vasta gama de bens industrializados de altíssima qualidade e preços bastante competitivos.
Nesse contexto, merecem destaque as máquinas elétricas (circuitos integrados eletrônicos, aparelhos de telefonia, diodos, transistors, discos, fitas, dispositivos e armazenamento de dados, produtos que figuraram como principal destaque na pauta de produtos exportados por Taiwan em 2013, com uma participação de 37,4% do total exportado.
A seguir, vieram as máquinas mecânicas (partes e acessórios de computadores, computadores, máquinas e aparelhos para trabalhar borracha ou plásticos, torneiras, válvulas (participação de 9,7% das exportações), combustíveis (oleo de petróleo refinado, coques de petróleo (7,6%), instrumentos e aparelhos medicos e de precisão (dispositivos de cristais líquidos, lasers, fibras óticas (7,3%) e plásticos (7,2%).
Um dado interessante da pauta importadora de Taiwan é a concentração de 56,3% das compras em apenas três produtos. São eles combustíveis (importações no montante de US$ 69,1% e participação de 25,5 nas importações); máquinas elétricas (US$ 54,7 bilhões e participação de 20,2%) e máquinas mecânicas (US$ 28,7 bilhões importados e participação de 10,6% em todas as compras realizadas por Taiwan no exterior). Nenhum desses produtos aparece na relação dos itens exportados pelo Brasil por Taiwan.
Escritório Econômico e Cultural
Ante a inexistência de relações diplomáticas com o Brasil, interrompidas em 1974, quando o governo brasileiro estabeleceu relações com a República Popular da China, Taiwan realiza os esforços de aproximação econômica, comercial e cultural com o Brasil através do Escritório Econômico e Cultural sediado em Brasília. O Escritório é chefiado por Jorge Guang Pu Shyu.
Em mensagem publicada no site do Escritório na internet, o diplomata destaca que "embora não mantenham relações diplomáticas, Taiwan e Brasil compartilham do mesmo princípio de democracia e proteção aos direitos humanos. Enquanto Taiwan desenvolve fortemente sua indústria de produtos eletrônicos e de semicondutores, o Brasil mostra sua força no setor automobilístico, de bioenergia e mineração. Em vista disso, e com a colaboração da comunidade taiwanesa no Brasil, acredito que há muito espaço para que esses laços bilaterais cresçam ainda mais".
Fonte: Comex