Dilma Rousseff é reeleita presidente do Brasil com 51,6% dos votos válidos
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- 27/10/14
Na eleição mais equilibrada desde que os brasileiros voltaram às urnas após a Constituição de 1988, Dilma Rousseff foi reeleita presidente da República com 51,6% dos votos válidos, cerca de 34 milhões de eleitores. A diferença para o concorrente Aécio Neves (PSDB) foi de cerca de 3% - o tucano somou 48,3%.
Em Minas Gerais, Dilma venceu Aécio por cinco pontos percentuais. A presidente também derrotou o tucano em Pernambuco, terra de Eduardo Campos, Alagoas, Rio de Janeiro. No Nordeste, Dilma teve 43% dos votos a mais que Aécio.
Mineira de Belo Horizonte, Dilma Rousseff, tem 66 anos, é economista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem uma filha e um neto. Foi reeleita junto com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com o apoio da coligação formada por PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PP, PRB, PROS e PSD. No primeiro turno, Dilma ficou em primeiro lugar, com 43.267.668 votos (41,59% dos votos válidos).
Filha de um imigrante búlgaro e de uma professora do interior do Rio de Janeiro, Dilma viveu em Belo Horizonte, capital mineira, até 1970, onde integrou organizações de esquerda, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Foi presa em 1970 pela ditadura militar e passou quase três anos no Presídio Tiradentes, na capital paulista, onde foi torturada.
Em 1973, mudou-se para Porto Alegre, onde construiu sua carreira política. Na capital gaúcha, Dilma dedicou-se à campanha pela anistia, no fim do regime militar, e ajudou a fundar o PDT no estado. Em 1986, assumiu seu primeiro cargo político, o comando da Secretaria da Fazenda de Porto Alegre, convidada pelo então prefeito Alceu Collares.
Com a redemocratização, Dilma participou da campanha de Leonel Brizola à Presidência da República em 1989. No segundo turno, apoiou o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 1993, Dilma assumiu a Secretaria de Energia, Minas e Comunicação do Rio Grande do Sul, cargo que ocupou nos governos de Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT).
Em 2000, Dilma filiou-se ao PT e, em 2002, foi convidada a compor a equipe de transição entre os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Quando Lula assumiu, em janeiro de 2003, Dilma foi nomeada ministra de Minas e Energia, onde comandou a reformulação do marco regulatório do setor. Em 2005, ainda no primeiro governo Lula, Dilma assumiu a chefia da Casa Civil, responsável até então por projetos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida.
Dilma deixou a Casa Civil em abril de 2010 e, em junho do mesmo ano, teve sua candidatura à Presidência da República oficializada. Venceu sua primeira eleição no segundo turno, contra o candidato do PSDB, José Serra, com mais de 56 milhões de votos.
Em um governo de continuidade, Dilma manteve e ampliou programas sociais da gestão Lula e implantou iniciativas que levaram à redução da pobreza, da fome e da desigualdade. Criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e ampliou programas de empreendedorismo. Também implantou um programa de concessões para obras de infraestrutura e logística, muitas ligadas à realização da Copa do Mundo. Em um governo marcado por episódios de corrupção, Dilma chegou a demitir seis ministros em dez meses, em 2011.
A presidente reeleita Dilma Rousseff fez um discurso de agradecimento à nação, na noite deste domingo, em Brasília, onde falou de união e mudanças. Dilma disse que a disputa eleitoral mobilizou todas as forças da nosso país, da nação. "Como vencedora destas eleições históricas, tenho palavras de agradecimento ao meu companheiro Michel Temer, parceiro de todas as horas, aos partidos políticos e sua militância que sustentaram nossa aliança e foram decisivos para nossa vitória. E faço o agradecimento do fundo do meu coração ao militante número um das causas do povo e do Brasil, o presidente Lula".
"Conclamo sem exceção a todos os brasileiros para nos unirmos em favor do futuro de nossa pátria, de nosso povo. Não acredito que estas eleições tenham dividido o país ao meio. Entendo sim que elas mobilizaram ideias e emoções às vezes contraditórias mas movidas pelos sentimento comum: a busca por um futuro melhor para o país", acrescentou.
"Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso, tenho esperança de que a energia mobilizadora tenha preparado um bom terreno para construção de pontes. O calor liberador do fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo momento no Brasil", prosseguiu.
Dilma afirmou ainda que, com a força deste sentimento mobilizador é possível encontrar pontos em comum e construir com eles uma primeira fase de entendimento para fazer o país avançar. "Algumas vezes na história, resultados apertados produziram mudanças mais fortes e válidos do que vitórias folgadas. Esta a minha certeza do que vai ocorrer a partir de agora. O debate, o debate das ideias, o choque de posições pode produzir consensos capazes de mover nossa sociedade nas trilhas de mudanças que tanto necessitamos".
A presidente ressaltou também que toda a eleição tem que ser vista como uma forma pacífica e segura de mudança de um país, principalmente "para nós que vivemos numa das maiores democracia do mundo. "A reeleição tem de ser entendida como um voto de esperança dado pelo povo na melhoria do governo. É isso que o povo diz quando reelege um governante. Por isso, quero ser uma presidenta muito melhor do que fui até agora. Quaro ser uma pessoa ainda melhor do que tenho me esforçado para ser.
Este sentimento de superação deve não apenas impulsionar o governo e a mim, mas toda a nação. O caminho é claro: algumas palavras e temas dominaram esta campanha. A palavra mais repetida, mais dita, mais falada, mais dominante foi "mudança". O tema mais amplamente discutido foi 'reformas'. Sei que estou sendo reconduzida à Presidência para fazer as grandes mudanças que a sociedade exige. Naquilo que meu esforço e meu papel alcançarem estou pronta a responder a esta convocação. Direi sim a este sentimento que vem do mais profundo da alma brasileira. Estou disposta a abrir espaço de diálogo com todos os setores da sociedade para encontrar soluções mais rápidas para os nossos problemas".
Dilma Rousseff prometeu ainda deflagar as reformas que o país anseia, principalmente a reforma política. "Meu compromisso é deflagrar estas reformas, que são responsabilidade do Congresso, e que devem ser feitas através de uma consulta popular, como instrumento dessa consulta, o plebiscito. Nós vamos encontrar força e legitimidade exigida neste momento de transformação para levarmos adiante a reforma política. Quero discutir esse tema com o novo Congresso e com a população brasileira, e tenho convicção de que haverá consenso em todas as forças ativas para abrir discussão e encaminhar as medidas concretas", garantiu.
A presidente reeleita disse que vai combater a corrupção."Terei o compromisso rigoroso com o combate à corrupção, propondo mudanças na legislação atual para acabar com a impunidade", disse.
Dilma encerrou o discurso dizendo que "não fugirá da luta". "Vamos dar as mãos e avançar nessa caminha que vai nos ajudar a construir o presente e o futuro. Brasil, mais uma vez essa filha tua não fugirá da luta. Viva o Brasil, viva o povo brasileiro", disse, sendo aplaudida pela militância.
Fonte: Jornal do Brasil