Pagamento sem uso de dinheiro em espécie deve crescer cerca de 10%
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- 31/10/14
A Capgemini, um dos principais provedores globais de serviços de consultoria, tecnologia e terceirização, divulga os resultados da 10ª edição do World Payments Report (Relatório Mundial de Meios de Pagamento), elaborado pela Capgemini e pelo Royal Bank of Scotland (RBS).
A pesquisa aponta que o volume de pagamentos sem o uso de dinheiro em espécie subiu 9,4%, chegando a 366 bilhões de transações em 20131. Esse resultado se deve ao forte crescimento nos mercados em desenvolvimento e ao uso de cartões de crédito (aumento de 9,9%) e débito (aumento de 13,4%2).
Em termos de movimentações financeiras sem dinheiro, o Brasil continua sendo o terceiro maior país no ranking global, atrás dos Estados Unidos e da Europa. Com o contínuo crescimento de pagamentos eletrônicos (e-payments) e móveis (m-payments) e da pressão dos órgãos reguladores, o setor de serviços financeiros tenta encontrar novas maneiras de satisfazer às demandas dos consumidores.
Mercados em desenvolvimento ainda lideram o crescimento
No geral, mais de 50% do volume de pagamentos sem o uso de dinheiro vivo foram gerados nos países em desenvolvimento, apesar dessas localidades representam somente 1/4 (25,5%) do mercado total, com 93 bilhões de transações. A China ainda está relativamente atrasada em relação às operações sem dinheiro, mas sua população e taxa de crescimento sugerem que, havendo as condições certas, o país poderia, em breve, ultrapassar os Estados Unidos e a Zona do Euro nos próximos cinco anos.
Atualmente, um em cada cinco usários de serviços bancários móveis (mobile banking) vive na China[1]. Além dela, a região que compreende a Europa Central, Oriente Médio e África (CEMEA) vem logo atrás, com 23,8% de aumento; seguidos pela Ásia emergente, com 22,8%, e América Latina, com 1 1%.
No Brasil, a taxa anual de transações sem dinheiro em espécie ficou em 13,5% entre 2008 e 2010 mas, no período entre 2010 e 2012, caiu para 8% ao ano. As operações com cheques diminuíram 7% ao ano, e chegaram a 9% em 2012. O maior crescimento no País tem sido das operações com cartões, com elevação de 17% ao ano desde 2010. O cartão de débito desacelerou, enquanto o crédito permaneceu em alta. Desde 2011, as transferências de crédito crescem 8% ao ano e, os débitos, 5%.
Em 2008, 33% das transações no Brasil eram feitas com cartões e, em 2012, esse número correspondia a 37%. A utilização de cheques caiu de 14% para 6%; já os débitos diretos subiram de 6% para 19% do total das transações sem dinheiro vivo, e as transferências de crédito de 47% para 38%.
Apesar da elevação de transações nos mercados em expansão, os Estados Unidos e a Zona do Euro ainda estão na frente, em termos de operações financeiras por habitante. A Finlândia, com 448 transações por pessoa, por ano, continua sendo a líder, registrando um aumento de 10,6% em 2012 e ultrapassando outros países da Europa e América do Norte. Os Estados Unidos aparecem com o segundo maior número de transações sem dinheiro por habitante, 376, mas a alta na região foi de apenas 2,6% em 2013.
"Os mercados em expansão continuam a crescer, registrando um aumento expressivo de 18,3% contra os 4,5% verificados nas regiões mais maduras, em 2012. Esses níveis consideráveis de crescimento, assim como as previsões ainda mais otimistas para a pesquisa do próximo ano, representam uma grande oportunidade para esse mercado.
A China, por exemplo, é um país a ser observado nos próximos anos, uma vez que o relatório prevê que, mantendo-se as altas taxas atuais, o país poderia se tornar o maior mercado de transações sem dinheiro em apenas cinco anos. Essas taxas em regiões importantes pressionam o setor global de pagamentos a inovar para satisfazer à demanda dos consumidores, que cresce rapidamente", afirma o diretor executivo da área de pagamentos do RBS, William Higgins.
Convergência dos pagamentos eletrônicos e móveis mudam as regras do jogo
O maior uso de tablets e smartphones está levando à convergência dos pagamentos eletrônicos e móveis, trazendo um novo desafio para as provedoras de serviços de pagamento (PSP). Para 2015, a previsão é que os pagamentos móveis cresçam 60,8% e os eletrônicos recuem para 15,9% por ano, à medida que mais pessoas passem a usar dispositivos móveis para efetuar pagamentos.
"O World Payments Report desse ano revelou que a maioria das provedoras tradicionais de sistemas de pagamentos já fizeram da transformação de seus métodos de processamento uma prioridade de curto prazo", explica o diretor de vendas e marketing de serviços financeiros da Capgemini, Jean Lassignardie. "No entanto, a pressão vem tanto da concorrência como de novas iniciativas regulatórias, para que ofereçam inovações de última geração como Square, IZettle e Swift para gerar valor tangível para os consumidores. Isso requer que as empresas de pagamento desenvolvam uma visão de longo prazo para os processamentos de operações, capaz de s er executada de maneira tática por meio de projetos estratégicos, ágeis e curtos", completa.
O relatório também cita as prioridades de médio e longo prazo para a transformação, inclusive a implementação de uma plataforma de pagamentos única e integrada (com uma base comum para pessoas físicas e jurídicas), a aplicação do conceito de centros de pagamentos (payment hubs) e a convergência de cartões como um fator essencial para viabilizar inovações voltadas aos clientes.
O setor quer atender às demandas dos consumidores
O crescimento do setor, aliado ao ritmo rápido com que surgem novos regulamentos, exige flexibilidade por parte das PSP para que se adaptem. Mais de 50% das Principais Iniciativas Regulatórias e Setoriais (KRIIs, na sigla em inglês) priorizam a inovação. Algumas delas também são importantes para reduzir os riscos, elevar a transparência e concorrência, e facilitar a padronização. À medida que essas novas KRIIs são criadas, a tendência é que elas se disseminem pelo mundo, gerando iniciativas regulatórias em todas as regiões, como pagamentos em tempo real, pressão sobre as taxas interbancárias com cartão e melhor governança.
Fonte: Jornal do Brasil