China vai emprestar US$ 10 bilhões à Venezuela nos próximos meses
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- 24/03/15
"A China vai emprestar cerca de US$ 10 bilhões à Venezuela nos próximos meses, metade como um acordo bilateral de financiamento e a outra metade para o desenvolvimento de campos de petróleo, afirmou um alto funcionário da empresa estatal de petróleo PDVSA". É o que diz um artigo de Corina Pons, publicado no domingo (22/03).
"Os novos fundos são um trunfo para a financeiramente encolhida Venezuela e deverá aumentar a confiança do mercado na habilidade do país da Opep em arcar com grandes pagamentos de dívidas e decisões arbitrais. Os títulos venezuelanos subiram na quinta-feira logo após a notícia", diz a matéria. Entretanto, o alívio pode ser suave já que os empréstimos parecem já estar fortemente comprometidos e o máximo que vai conseguir é conter a acentuada queda nos preços do petróleo e a dura recessão da Venezuela.
O primeiro empréstimo de US$ 5 bilhões, uma renovação de um fundo conjunto chinês-venezuelano de longa data, será destinado a projetos abrangentes, disse o funcionário. Com um prazo de pagamento de cinco anos em vez dos típicos três, o empréstimo será assinado este mês e depositado nas reservas internacionais da Venezuela em abril.
O outro empréstimo "especial" de US$ 5 bilhões deverá estipular a contratação de empresas chinesas para impulsionar a produção nos campos de petróleo da PDVSA, afirmou a fonte. Esse empréstimo de 10 anos será assinado em junho, retirado pelo Bandes, banco estatal venezuelano de desenvolvimento, e investido em 2015.
"A China quer decididamente dar apoio a investimentos em áreas como campos maduros de petróleo para que a PDVSA possa aumentar rapidamente sua produção," afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada.
A China, ávida por energia, está disposta em ter uma forte presença na Venezuela, que tem as maiores reservas de petróleo do mundo, como parte de uma tendência mais ampla onde Pequim fornece bilhões em financiamentos para garantir suprimentos de petróleo. Os empréstimos costumam depender da contratação de empresas chinesas de construção, engenharia e serviços de petróleo.
O fundo vai oferecer um investimento bem-vindo no setor do petróleo da Venezuela no momento em que a nova liderança pragmática da PDVSA tenta apoiar a produção.
A China já emprestou à Venezuela cerca de US$ 45 bilhões em troca do reembolso em petróleo e combustível. O dinheiro é normalmente depositado em fundos que focam na infra-estrutura e desenvolvimento econômico.
Os políticos da oposição da Venezuela manifestaram preocupação sobre o que consideram uma dependência excessiva na China e denunciam uma falta de transparência nos termos dos empréstimos.
A PDVSA está explorando várias maneiras de reforçar seus cofres, disse a fonte. O esforço é visto como essencial em um país onde 96% dos rendimentos em moeda forte têm origem na receita do petróleo.
A companhia pode vender alguns dólares na nova plataforma de câmbio venezuelana, a Simadi, via o estatal Banco de Venezuela, por exemplo.
Porém, a fonte salientou que a PDVSA só será capaz de vender dólares vindos das operações de sua joint venture nas taxas Simadi, que está negociando atualmente a cerca de 190 bolivares.
A grande parte da moeda forte da PDVSA ainda será alterada a uma taxa bem menos favorável de 6,3 por bolivar, uma das três taxas cambiais oficiais.
Quase todas as empresas estrangeiras de petróleo terão acesso à Simadi por suas despesas operacionais e de capital, acrescentou a fonte.
O acesso a uma taxa mais vantajosa beneficiaria empresas operando joint ventures com a PDVSA na Faixa do Orinoco, rica em petróleo. As joint ventures também estão prontas para ganhar mais controle sobre a aquisição, disse a fonte.
"A ideia é tornar as coisas mais flexíveis," ele acrescentou. A PDVSA não está planejando emitir títulos este ano e seus empréstimos de bancos privados deverão ser "moderados."
A empresa também está perto de um acordo de contabilidade para continuar a contratar os serviços da General Electric apesar de US$ 350 milhões em faturas excepcionais, de acordo com uma autoridade.
"A Jamaica está interessada em liquidar sua dívida através do programa Petrocaribe de cooperação energética que permite aos países financiarem compras de petróleo, afirmou ele, nenhuma resolução foi alcançada.
Ele estimou que a produção PDVSA vai aumentar este ano e mesmo mais no ano que vem graças aos planos de investimentos, acrescentando que espera uma recuperação nos preços do petróleo no segundo semestre de 2015".
Fonte: Jornal do Brasil