Venezuela fecha torneira do petróleo para Cuba e aliados do Caribe

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A Venezuela cortou pela metade os envios subsidiados de petróleo a Cuba e aos países membros do Petrocaribe, e hoje representam cerca de 200.000 barris diários em vez dos 400.000 enviados em 2012, indicou um informe do Barclays de acordo com um artigo do jornal norte-americano publicado em espanhol, El Nuevo Herald, nesta sexta-feira (27/03).

Além disso, o banco de investimento qualificou de "irônico" que a Venezuela mantenha o fornecimento de petróleo, ao ressaltar que enquanto o país doador sofre dificuldades extremas, está subsidiando outros que gozam de uma melhor saúde econômica", escreve o jornalista Antonio María Delgado. Devido aos cortes nos envios de petróleo aos países do Caribe, a empresa cortou seu prognóstico de déficit em moeda estrangeira de Venezuela a 22,6 bilhões de dólares, desde os mais de 30 bilhões que previa para este ano.

"Os acordos petroleiros têm sido uma pesada carga para a Venezuela. Estas entregas alcançaram os 400.000 barris diários em seu ponto mais alto, em 2012, mas a Venezuela só obteve pagamentos pela metade", disse o Barclays, que citou números da Petrologistics, empresa que acompanha os movimentos de navios-tanque.

"Na última década, os acordos custaram à Venezuela até 50 bilhões de dólares", acrescentou o informe, intitulado "Reduzindo a generosidade". Surpreendentemente, Cuba - o mais importante aliado do governo de Nicolás Maduro - não foi exonerada dos cortes, que se aprofundaram depois de agosto passado, quando os preços do petróleo começaram a diminuir.

"Cuba recebeu cerca de 55.000 barris diários desde setembro, quase a metade do que recebeu em 2012", assinalou o informe.

A redução das entregas a Cuba é mais importante do que as dos outros países que se beneficiam da generosidade venezuelana, dado que, a diferença dos países membros do programa Petrocaribe, que ao menos pagam uma porção das entregas, o regime de Havana não desembolsa pagamentos em dinheiro pelo intercâmbio.

Sob os pactos de cooperação entre os dois países, Cuba paga o petróleo com o envio de médicos e treinadores de esportes para os programas sociais chavistas e através dos serviços do aparato de inteligência da ilha.

No entanto, os envios aos países do Petrocaribe também diminuíram significativamente. Os despachos a República Dominicana e à Jamaica, que englobam a metade do programa, caíram 56% e 74%, respectivamente, frente aos níveis de 2012. Os cortes reduzem a apenas 80.000 barris diários o petróleo que envia a seus aliados sem receber em câmbio líquido. É um maior rendimento que melhora o quadro financeiro do país em cerca de 7,5 bilhões de dólares.

"Estimamos que o déficit do fluxo de caixa em moeda dura aumentará a 22.600 milhões de dólares este ano, desde os 15 bilhões de dólares de 2014, o qual reduz significativamente nossa estimativa prévia de mais de 30 bilhões de dólares", assinalou a Barclays.

"Nós estimamos que o governo poderia obter financiamento de 17,5 bilhões de dólares, o que significa que sua posição em ativos terá que diminuir em cerca de 6,3 bilhões para poder fechar a brecha", acrescentou.

Venezuela, que acaba de sair de um dos mais prolongado períodos de prosperidade no setor petroleiro de sua história, agora vive uma de suas piores crises econômicas devido à sistemática destruição do aparelho produtivo e a drástica queda dos preços do petróleo, sustentam economistas.

O colapso dos preços do petróleo somado às pesadas obrigações externas deixaram o país com menos da metade dos 33 bilhões de dólares que usou para importar produtos em 2014, ano em que o país já começava a sofrer a crise de desabastecimento.

Além disso, os problemas econômicos pelos quais os venezuelanos atravessam hoje também podem ser atribuídos à assistência que prestou a Cuba e a outros países.

"Se a Venezuela tivesse vendido esse petróleo sob condições de mercado e economizado esses rendimentos, teria três vezes mais reservas internacionais que tem hoje", indicou o informe da Barclays.

Fonte: Jornal do Brasil

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