Exportar aviões da Embraer e carne bovina, prioridades brasileiras no comércio com a China

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Adicionar produtos de maior valor agregado à pauta exportadora é o grande desafio do Brasill no intercâmbio comercial com a China e por isso mesmo o tema merecerá especial atenção das autoridades brasileiras nas conversações a serem mantidas durante a visita a Brasília do primeiro-ministro Li Keqiang, no dia 19 de maio.

Além de reiterar o interesse em que a China concretize a importação de 60 aviões fabricados pela Embraer, acordada durante a visita do presidente Xi Jinping em julho de 2014 e da abertura do mercado chinês para a carne bovina brasileira, ao Brasil interessa que a China venha a importar outros bens industrializados produzidos pela indústria brasileira.

Outra grande preocupação constante na alta esfera do Palácio do Planalto e nos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e das Relações Exteriores é o crescente deficit acumlado pelo Brasil nas trocas comerciais com o gigante asiático. Este ano, apesar de as exportações brasileiras terem crescido respectivamente +13,98% e 116,17% nos meses de fevereiro e março, a balança bilateral está negativa em US$ 3,474 bilhões. O deficit é resultado de exportações no valor de US$ 6,190 bilhões e importações no total de US$ 9,664 bilhões. Em igual período de 2014, a China obteve um saldo de apenas US$ 166 milhões nas trocas com o Brasil.

Para se ter uma ideia da dimensão desse resultado, em todo o ano de 2014 o superávit chinês foi de US$ 1,827 bilhão, devendo-se registrar ainda que esse foi o primeiro deficit brasileiro no intercâmbio com a China desde o ano de 2008.

Analistas do MDIC apostam na tese de que assim que forem contabilizados os dados relativos às exportações do mês de abril esse panorama começará a se modificar. Para tanto deve contribuir a aceleração dos embarques de soja, iniciados no mês de março. No primeiro trimestre de 2014, a receita gerada pela soja somou US$ 3,762 bilhões. Este ano, em igual período, despencou para US$ 1,994 bilhão.

A disparidade entre esses números é justificada pela forte queda nos preços internacionais da soja, o que fez com que mesmo exportando um volume maior do produto o valor auferido tenha sido significativamente inferior. Esse cenário marcado pela retração nos preços persiste, o que deixa antever que dificilmente a soja por si só ajudará o Brasil equilibrar a balança comercial com os chineses.

Outro motivo de preocupação reside no fato de que a pauta exportadora brasileira persiste concentrada em commodities, e, mais precisamente, em apenas três itens: soja, minério de ferro e petróleo. Juntos, os três produtos correspondem a 69,88% de todo o volume exportado para a China. A soja contribui com o maior percentual (32,22%), seguida pelo minério de ferro (23,26%) e pelo petróleo (14,40%).

Na opinião do embaixador Sérgio França Danese (Secretário-geral das Relações Exteriores do Itamaraty), a concretização do acordo feito durante a visita do presidente Xi Jinping, fazendo com que a China importe 60 aeronaves fabricadas pela Embraer e finalmente decida abrir seu mercado para a carne bovina brasileira, é de crucial importância para que não apenas a balança comercial bilateral se torne mais equilibrada mas que a China finalmente passe a importar produtos brasileiros de maior valor agregado.

Segundo o diplomata, "a concretização desses dois compromissos em areas vitais do comércio exterior brasileiro sinalizará, de forma patente e inquestionável, relevância política que a China reiteradamente tem apontado na sua relação com o Brasil".

Fonte: Comex

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