CNI e US Chamber of Commerce defendem acordo de livre comércio entre Brasil e Estados Unidos
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- 30/06/15
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Câmara de Comércio dos Estados Unidos (US Chamber of Commerce) se uniram para defender junto aos governos brasileiro e americano o início da negociação de um tratado de livre comércio, de um acordo para evitar a dupla tributação dos investimentos e o fim da exigência de vistos para turistas e empresários.
As duas entidades já entregaram o documento com os três pontos à presidente Dilma Rousseff e ao presidente americano, Barack Obama. Pesquisa feita pela CNI com 43 associações setoriais da indústria, de serviços e de comércio aponta que 63% do setor produtivo brasileiro defendem que os Estados Unidos devem ser o país prioritário nas negociações comerciais para incrementar o comércio brasileiro.
A relação bilateral e as oportunidades de negócios serão discutidos por cerca de 350 empresários e representantes dos dois governos nesta terça-feira (30), em Washington, durante a Cúpula Empresarial Brasil-Estados Unidos. O encontro, que será encerrado pela presidente Dilma Rousseff, terá a participação de representantes da CNI, de dirigentes de empresas brasileiras e americanas, do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, e da secretária de Comércio dos Estados Unidos, Penny Pritzker.
"A missão oficial da presidente Dilma Rousseff é extremamente importante para coroar a reaproximação entre os dois países, resolver pendências existentes e dar sinalizações de avanços na relação bilateral. Os Estados Unidos são prioridade para o Brasil. O setor privado, tanto brasileiro quanto americano, quer participar ativamente da negociação de acordos para destravar o comércio e os investimentos", afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
Além da sinalização de negociações futuras para fortalecer e estreitar a relação bilateral, a CNI defende que os dois governos avancem em pontos que estão pendentes. Um exemplo é o Acordo Previdenciário, que Brasil e Estados Unidos já negociaram, mas ainda não assinaram. Ele permite somar os tempos de contribuição de profissionais que tenham trabalhado nos dois países, o que é benéfico para os trabalhadores e evita a dupla tributação da contribuição previdenciária paga pelas empresas.
Há ainda a abertura do mercado americano para a carne bovina in natura do Brasil, ponto que já está acertado entre os dois países, e o Acordo de Céus Abertos, que foi assinado em 2011, mas não foi ratificado pelo Brasil. Esse último liberaliza o mercado de voos – frequências e rotas aéreas sem qualquer limitação – e é importante em função do elevado fluxo de turistas e de empresários.
Prioridades para o Brasil
Os Estados Unidos aparecem empatados com a União Europeia como os principais mercados para a agenda de negociações comerciais do Brasil – ambos são citados por 63% das associações setoriais ouvidas pela CNI. Os Estados Unidos são hoje o segundo maior comprador de produtos brasileiros, ficando atrás apenas da China. Apesar da queda de 7% nas exportações brasileiras como um todo em 2014, para o mercado americano elas aumentaram 10%.
Considerando apenas os produtos industrializados, os Estados Unidos são o principal mercado dos produtos brasileiros. De cada U$ 100 exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, US$ 81 são de produtos industrializados.
Do ponto de vista de investimentos, os Estados Unidos também são o país mais importante para o setor industrial. A CNI fez uma pesquisa com 28 multinacionais brasileiras e 60% delas – o maior percentual – disseram que os Estados Unidos são o principal destino para internacionalização. É também a nação prioritária para a celebração de um acordo para evitar a dupla tributação.
O Brasil é o único país dos BRICs que não possui um acordo com os Estados Unidos para evitar a dupla tributação dos investimentos. Um levantamento feito pela CNI aponta que as empresas brasileiras pagam 30% em juros, royalties e serviços ao governo americano quando enviam suas receitas ao Brasil. Rússia, Índia, China e África do Sul pagam entre 0% e 25%.
Fonte: Comex