China faz Vale cair 8% na semana
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- 17/05/13
As ações da Vale registram forte queda nesta semana, sob influência das preocupações com o crescimento da economia da China e também devido ao recuo do preço do minério de ferro.
Houve uma onda de revisões, para baixo, nas projeções para a expansão chinesa nesta semana. O movimento começou após a divulgação da produção industrial do país, na madrugada de segunda-feira. A produção aumentou 9,3% em abril, abaixo dos 9,5% esperados pelos economistas. A diferença parece pequena, mas foi suficiente para algumas instituições reavaliarem suas projeções para o crescimento do país.
O Bank of America Merrill Lynch divulgou, já na segunda-feira, relatório informando que, com os novos dados, via risco de redução de sua projeção para o crescimento do PIB chinês no segundo trimestre, que era de 8,1%.
Na quarta-feira, reportagem do "Wall Street Journal", reproduzida pelo Valor, mostrou que muitos economistas estavam cortando suas estimativas. Pesquisa feita com 18 economistas, no fim do ano passado, indicava que a mediana das previsões de crescimento em 2013 era de 8%, ante expansão de 7,8% do país no ano passado. Mas uma nova pesquisa feita nesta semana com 12 economistas mostrou que a mediana das previsões para este ano caiu para 7,8%.
As ações PNA da Vale já caíram 8,6% nesta semana, enquanto as ações ON recuaram 8,4%. No mesmo período, o Ibovespa perdeu apenas 0,6%. Ontem, o papel PNA fechou em baixa de 2,43%, a R$ 29,70, enquanto o ON caiu 2,33%, para R$ 31,35. O Ibovespa recuou 0,30%, aos 54.772 pontos.
Esse cenário afeta os preços das commodities, e as ações de Vale sentem diretamente. "A economia da China mostra arrefecimento. A queda de Vale nos últimos dias representa essas reduções nas projeções para o PIB chinês", diz Hamilton Moreira Alves, estrategista do BB Investimentos. Fabio Galdino de Carvalho, operador-sênior da BI&P Indusval Corretora, acredita que o papel tem chances de se recuperar, já que teria ficado mais barato que seus pares.
Alves, do BB, acrescenta que Vale poderá sofrer hoje influência do vencimento de opções sobre ações, que ocorre na próxima segunda-feira (20). "Na prática, o vencimento é amanhã, já que o dia 20 é reservado somente para o exercício das séries", afirma.
Também pesa contra a companhia a forte baixa do preço do minério de ferro. Desde o pico de preço, em janeiro, a commodity já recuou 20%, e era cotada ontem a US$ 125,50 por tonelada no mercado "spot" chinês. No entanto, segundo fontes do setor de mineração, a queda nos preços já era esperada. E em nada tem a ver com a revisão para baixo das projeções para a economia da China. A baixa seria resultado do aumento da oferta de minério no mercado por parte das mineradoras australianas.
Além da pressão negativa de Vale, o Ibovespa foi afetado ontem pelos comentários do presidente da regional do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de São Francisco, John Williams. Ele levantou a possibilidade de o Fed encerrar suas compras de ativos no fim deste ano, se a economia continuar a melhorar.
Na semana passada, o presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser, defendeu ideia semelhante, com a redução nas compras ocorrendo já a partir do próximo mês. No entanto, nem Plosser e nem Williams estão entre os membros do Fed que têm direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).
As declarações de Williams e uma rodada de indicadores negativos da economia americana colaboraram para os mercados de ações internacionais realizarem uma pausa na sequência de máximas históricas.
Na Europa, um dia depois de renovar o melhor nível desde junho de 2008, o índice Stoxx 600 registrou uma queda marginal de 0,03% e fechou com 307,97 pontos. Em Londres, o FTSE-100 recuou 0,09%, enquanto em Frankfurt o Dax-30 fechou em alta de 0,09%. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 0,28% e fechou com 15.233 pontos. O S&P-500 recuou 0,50%, para 1.650 pontos, e o Nasdaq caiu 0,18%, aos 3.465 pontos.
Fonte: Valor Econômico