Vendas do Brasil à China têm valor agregado muito baixo, diz OMC
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- 11/07/13
O Brasil caiu ao degrau mais baixo da cadeia de valor agregado no comércio com a China, seu principal parceiro comercial, concluiu um estudo acadêmico publicado pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
O estudo dos economistas Gary Gereffi, da Duke University, e Timothy Sturgeon, do MIT, enfatiza a que ponto as exportações brasileiras para a China estão concentradas em produtos (tanto commodities quanto manufaturados) com nível muito baixo de industrialização.
Soja - Exemplifica com a cadeia de valor da soja. Cerca de 95% das exportações brasileiras do produto para a China são de grão não processado. A China impõe tarifa de 9% sobre o óleo de soja comparado a taxa de 3% para o grão. Tampouco Pequim deixa espaço para a entrada do farelo. Mesmo tratamento - Diz o estudo que o governo chinês impôs o mesmo tratamento, de tarifas altas e de medidas não tarifárias, para outros produtos primários e industrializados que afetam o Brasil, incluindo aço, papel e celulose.
Importações - Já do lado das importações brasileiras, originárias da China, o Brasil também tem sido influenciado pela estrutura internacional do comércio chinês. Os autores notam que em 1996, produtos de baixa tecnologia representavam 40% das importações brasileiras originárias da China, enquanto os produtos de alta tecnologia representavam 25%.
Reversão - Em 2009, houve uma reversão, com os produtos chineses de alta tecnologia representando 41,4% do total, e os de baixa tecnologia apenas 20,8% - ou seja, Pequim passou a vender cada vez mais produtos com valor agregado alto para o Brasil. ''O Brasil caiu no mais baixo degrau da cadeia de valor agregado no seu comércio com a China nas ultimas décadas'', concluem os dois economistas.
Desafio - Considerando que a relação com a China representa um ''severo desafio para o Brasil'', o estudo alerta que o problema é mais profundo. Exemplifica que a Embraer, um dos maiores construtores de aeronaves do mundo, depende de 100% de importações do alumínio que usa em seus jatos, apesar da abundância de bauxita e outras commodities importantes para o setor aeronáutico.
Fonte: Portal do Agronegócio