Uruguai vai propor tarifa para produtos chineses

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Na véspera de uma nova cúpula de presidentes do Mercosul, o anfitrião do encontro, o presidente do Uruguai, José Mujica, antecipou que vai propor ao sócios do bloco a implementação de uma Tarifa Externa Comum (TEC) especial para produtos chineses.

De acordo com Mujica, é fundamental discutir o comércio com a China, porque, "embora cada vez aumentem mais as vendas do bloco" para aquele país, "as indústrias da região não têm condições de resistir aos preços chineses".

Esse não será o único problema que ministros e presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela discutirão a partir de hoje, na capital uruguaia. A lista de conflitos e questões pendentes é longa e os uruguaios são, talvez, os mais insatisfeitos com a atual situação do bloco. O governo Mujica está preocupado com as barreiras não tarifárias que continuam atrapalhando o comércio entre países do Mercosul (adotadas, principalmente, pelos argentinos) e, paralelamente, pelo nulo avanço de negociações com outros blocos comerciais, como a União Europeia (UE).

- Parece que os Estados Unidos estão se preparando para assinar um acordo de livre comércio com a UE. Já as negociações do Mercosul com a UE não vão para frente nem para trás - lamentou o presidente uruguaio, que há anos vem solicitando uma autorização especial do bloco para selar um tratado de livre comércio bilateral com os EUA.

Para Mujica, é necessário discutir o rumo do bloco e essa será uma de suas principais demandas na cúpula. A agenda também incluirá a delicada situação do Paraguai, cujo retorno parece cada vez mais distante. A decisão de transferir a presidência pro tempore para a Venezuela afastaria a possibilidade de uma negociação que permita a reincorporação do Paraguai no curto prazo. O presidente eleito do país, Horacio Cartes, deixou claro que o único gesto que seu país pede é que o governo de Nicolás Maduro não assuma a presidência do bloco. Tudo indica que seu pedido não será atendido.

O intercâmbio comercial de automóveis entre Brasil e Argentina também será debatido. Os argentinos não se conformam com a entrada em vigor do livre comércio de carros, desde o último dia 1º, e pedem algum tipo de trava para evitar que o desequilíbrio na balança comercial se expanda ainda mais. Já o Brasil não está disposto a mudar a regra e diz que só aceita fazer qualquer ajuste no regime automotivo bilateral se a presidente Cristina Kirchner apresentar "argumentos realmente convincentes", segundo uma graduada fonte do governo brasileiro.

De janeiro a maio deste ano, o total de automóveis exportados pelo Brasil ao mercado argentino foi de US$ 1,676 bilhão, um aumento de 21,52% em relação ao mesmo período de 2012. Números preliminares indicam que a expansão foi ainda maior no primeiro semestre deste ano, acima de 35%. Por outro lado, a importação de automóveis da Argentina ficou em US$ 1,604 bilhão.


Fonte: O Globo

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