Morre o gênio do humor Chico Anysio

Fonte: O Dia
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, conhecido como Chico Anysio, nascido em Maranguape, no dia12 de abril de 1931, foi um humorista, ator, dublador, escritor, compositor e pintor brasileiro, notório por seus inúmeros quadros e programas humorísticos na Rede Globo, emissora onde trabalhou por mais de 40 anos. Morreu no dia 23 de março.
Ao dirigir e atuar ao lado de grandes nomes do humor brasileiro no rádio e na televisão, como Paulo Gracindo, Grande Otelo, Costinha, Walter D'Ávila, Jô Soares, Renato Corte Real, Agildo Ribeiro, Ivon Curi, José Vasconcellos e muitos outros, tornou-se um dos mais famosos, criativos e respeitados humoristas da história do país.
Criou mais de 200 personagens, um número que raramente um artista consegue não só criar, mas fazer com que a maioria deles sejam marcantes e inesquecíveis para o público, como Professor Raimundo, Salomé, Painho, Justo Verissímo e tantos outros.
Humorista 'arretado'
Chico Anysio se orgulhava de ser nordestino arretado e de não fugir à luta jamais. Além do gênio criativo, o humorista tinha talento nato para dar declarações polêmicas. Ele nunca teve medo de falar o que pensava e pagou caro algumas vezes por isso. Na TV Globo, após a saída de José Bonifácio de Oliveira (Boni), que foi vice-presidente de Operações da emissora, em 1998, o humorista foi perdendo espaço na programação e acabou botando a boca no trombone, criticando o excesso de jovens e a condução artística da emissora. Nos anos 2000, as queixas de Chico não repercutiram bem, ele brigou com a então diretora geral Marluce Dias da Silva e foi punido.
Chico também se gabava de fazer crítica social, com personagens como o político corrupto Justo Veríssimo e a gaúcha Salomé, que conversava ao telefone com o então presidente João Batista Figueiredo e criticava o governo dos militares. “Eu sempre defendi o pobre, o preto, o nordestino, o retirante, o mendigo, o preso e o esfarrapado. Então, rico, nos meus programas, sempre fez papéis ridículos, nunca fiz um rico que se desse bem”, disse. Quando falava de política, ele também não tinha papas na língua: “No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado”.
Frases inesquecíveis
Outra característica de Chico Anysio era o talento para criar frases inesquecíveis. “O brasileiro só tem três problemas: café, almoço e jantar”, disse ele, fazendo crítica social. Casado seis vezes, o humorista também fez reflexão sobre relacionamentos e filhos: “Tem coisa que não se discute: filhos detonam qualquer casamento. São maravilhosos, mas fatais”. Sobre a morte, ele dizia que pensava menos nela do que ela pensava nele: “Não tenho medo de morrer, tenho pena”.
Música, literatura e artes plásticas
Além de se dedicar ao humor, Chico Anysio foi escritor, artista plástico, compositor e ainda atuou no cinema. Apaixonado por pintura, ele retratou paisagens ao redor do mundo a partir de fotografias que tirava dos países que visitava. Seus quadros foram expostos em diversas galerias do País. Ele chegou a afirmar que gostaria de ter dedicado mais tempo à atividade, aprender as técnicas e ficar mais conhecido, para poder vender seus quadros por um preço melhor.
Chico foi autor de 21 livros, entre eles os best-sellers: ‘O Batizado da Vaca’, ‘O Telefone Amarelo’, ‘O Enterro do Anão’, ‘É Mentira, Terta?’ e o romance ‘Carapau’. Sua última publicação foi ‘O Canalha’, lançada em 2000. Ele também compôs várias músicas, muitas delas registradas por Dolores Duran. Gravou mais de 20 discos. Com Arnaud Rodrigues, formou a dupla Baianos e Novos Caetanos, com a qual também lançou disco.
No cinema, Chico fez ‘Tieta’ (1996) e uma participação especial em ‘Se Eu Fosse Você 2’ (2008), recordista de bilheteria. Seu último trabalho foi como dublador na animação ‘Up — Altas Aventuras’.
Malga Di Paula, viúva de Chico Anyisio, anunciou a criação do Instituto Chico Anysio, que vai pesquisar sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
"Estou abrindo o instituto para apoiar o tratamento de enfisema pulmonar e também para apoiar a pesquisa de médicos que estão em busca da cura. Inclusive o João Tadeu Paes, de São Paulo, um cientista brilhante que está se dedicando à cura. O projeto dele está muito próximo de encontrar respostas através do tratamento com células-tronco", afirmou Malga.
Cerca de 40 familiares e amigos compareceram à cerimôniade cremação do corpo, como era a vontadde do humorista, que teve a manifestação de várias crenças, mas foi conduzida, principalmente, por um frei franciscano - Chico era devoto de São Francisco de Assis -. "Foi uma cerimônia linda. É muito estranho dizer isto neste momento, mas foi lindo. As cortinas de veludo foram fechadas, o show acabou muito bem. Estou mais forte", disse Malga.